Em seu livro “A Grande
Niveladora”, Walter Scheidel afirma que a violência enquanto fator de nivelação social se manifestaria na história humana como quatro cavaleiros do apocalipse:
guerras, epidemias, colapso estatal e revoluções.
Mas no final da obra, o
autor afirma que esses quatro cavaleiros já não têm tanto poder.
No mundo atual, as
guerras, além de estarem reduzidas a conflitos regionais, tornaram-se mais
robotizadas e a cargo de exércitos menores, compostos por mercenários. Dependem muito menos do alistamento em massa.
As epidemias
dificilmente causariam o efeito devastador demonstrado antes da modernidade. Os
colapsos dos Estados também teriam ficado no passado mais distante. E,
finalmente, as revoluções estariam fora de nosso horizonte
histórico.
O problema é que o autor
não apresenta qualquer evidência de que meios menos traumáticos possam tomar o
lugar desses episódios niveladores.
Por outro lado, jamais
na história humana a desigualdade social chegou aos extremos atuais. Em cifras
absolutas pode haver menos violência, miséria, mortes e doenças. Mas em termos
relativos, nunca tão poucos detiveram o controle de tanta riqueza. Nunca tantos
tiveram seu destino decidido por tão poucos.
Tudo isso poderia ser
apenas o fracasso de um projeto civilizacional baseado na justiça social
universal. Mas também é resultado de uma determinada relação que estabelecemos com
o restante da natureza.
É aí que surge um quinto
cavaleiro do apocalipse. Um personagem que Scheidel não cita em seu livro. É o
colapso ambiental. Sua montaria vem a todo galope, açoitada pela vocação destruidora
e suicida do capitalismo. E em seu rastro, pode não restar nada mais do que
terra arrasada. Nivelada.
Continua...
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