Doses maiores

20 de setembro de 2019

As revoluções transformadoras e o achatamento social

A violência envolvida nas revoluções transformadoras é outro fenômeno histórico capaz de diminuir radicalmente as desigualdades sociais, afirma Walter Scheidel, em seu livro “A Grande Niveladora”.

Mas essas rupturas radicais estariam restritas à modernidade. Mais especificamente, ao século 20 e às revoluções Russa e Chinesa. Segundo o historiador, ambas levaram a uma redução das desigualdades mais parecida com um “achatamento social”.

Um nivelamento por baixo, em que as necessidades mais básicas foram atendidas, mas ficaram muito distante da elevação generalizada do bem-estar imaginada pelos líderes dessas revoluções e dos socialistas em geral.

Tanto num caso como no outro, medidas adotadas de cima para baixo, forçaram uma coletivização da economia nacional que custou milhões de vidas e inviabilizaram a democratização da produção e da política.

Mas essas medidas somente foram adotadas em resposta aos ataques e pressões imperialistas, que sufocaram as duas tentativas até matar sua origem revolucionária.

O capitalismo jamais deixou de imperar nas duas sociedades. Nem a União Soviética nem a República Popular da China conseguiram superar o principal instrumento de exploração capitalista, o trabalho assalariado.

Para que o nivelamento social se transformasse em verdadeira justiça social seria preciso que revoluções socialistas ocorressem também nas economias mais industrializadas.

Seria a revolução permanente defendida por Trotsky, cujo caráter violento diminuiria conforme as burguesias nacionais fossem derrubadas.

A violência que acabou imperando nas duas experiências foi produto de uma regressão capitalista imposta por fora e assumida por dentro, não da implantação do socialismo.

Trata-se de novas vitórias da barbárie capitalista a nos obrigar, cada vez mais, e de novo, a escolher entre ela e o socialismo.

Continua...

Um comentário: