Doses maiores

3 de dezembro de 2020

Marx queria ouvir os trabalhadores

Em seu livro “Marx no Fliperama”, Jamie Woodcock ressalta que no 10º capítulo de “O Capital”, Marx traz informações importantes sobre o cotidiano dos operários industriais. Para isso, ele utilizou informações fornecidas por relatórios feitos por inspetores de fábricas.
 
Apesar disso, Marx considerava importante obter informações dos próprios trabalhadores. Então, em 1880, publicou em um jornal francês uma convocação solicitando a colaboração dos trabalhadores para responder um questionário:

Esperamos contar com o apoio de trabalhadores da cidade e do campo conscientes de que só eles podem descrever com pleno conhecimento os infortúnios que sofrem, e de que serão eles, e não salvadores enviados pela Providência, que poderão fazer uso com a energia necessária dos remédios que tragam a cura para os males sociais de que são vítimas. Também contamos com socialistas de todas as tendências que, defensores da necessidade de uma reforma social, também sabem da necessidade de chegar a um conhecimento exato e objetivo das condições em que a classe trabalhadora – a classe a que pertence o futuro – trabalha e se mobiliza.

Ou seja, diz Woodcock, mais do que apenas obter dados, Marx queria fazer contato com os trabalhadores. Por isso, enfatizou em sua convocação que nome e endereço deveriam ser fornecidos “para que, se necessário, possamos enviar comunicados”.
 
Woodcock procura fazer o mesmo em relação aos trabalhadores da indústria de tecnologia, sendo um dos criadores de uma pesquisa com os mesmos objetivos que os de Marx.

Esta postura tem como pressuposto o que o marxista estadunidense Hal Draper chamou de socialismo de baixo para cima. Mas isso será tema da próxima pílula.

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