Em seu livro “Marx no Fliperama”, Jamie Woodcock ressalta que no 10º capítulo de “O Capital”, Marx traz informações importantes sobre o cotidiano dos operários industriais. Para isso, ele utilizou informações fornecidas por relatórios feitos por inspetores de fábricas.
Apesar disso, Marx considerava importante obter informações dos próprios trabalhadores. Então, em 1880, publicou em um jornal francês uma convocação solicitando a colaboração dos trabalhadores para responder um questionário:
Esperamos contar com o apoio de
trabalhadores da cidade e do campo conscientes de que só eles podem descrever
com pleno conhecimento os infortúnios que sofrem, e de que serão eles, e não
salvadores enviados pela Providência, que poderão fazer uso com a energia
necessária dos remédios que tragam a cura para os males sociais de que são
vítimas. Também contamos com socialistas de todas as tendências que,
defensores da necessidade de uma reforma social, também sabem da necessidade de
chegar a um conhecimento exato e objetivo das condições em que a classe
trabalhadora – a classe a que pertence o futuro – trabalha e se mobiliza.
Ou seja, diz Woodcock, mais do que apenas obter dados, Marx queria fazer
contato com os trabalhadores. Por isso, enfatizou em sua convocação que nome
e endereço deveriam ser fornecidos “para que, se necessário, possamos enviar
comunicados”.
Woodcock procura fazer o mesmo em relação aos trabalhadores da indústria de
tecnologia, sendo um dos criadores de uma pesquisa com os mesmos objetivos que
os de Marx.
Esta postura tem como pressuposto o que o marxista estadunidense Hal Draper
chamou de socialismo de baixo para cima. Mas isso será tema da próxima pílula.
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