Assim como o romance do século XVIII foi
um aparato textual que gerou a personalidade burguesa exigida pelo colonialismo
mercantil (mas também capaz de criticá-lo), e assim como o cinema e a televisão
do século XX foram essenciais para o consumismo industrial (mas exibiu algumas
de suas representações mais sombrias), os jogos virtuais são constitutivos do
hipercapitalismo global do século XXI e, talvez, também de possíveis linhas de fuga
dele.
Outro autor citado é Ernest Mandel, para quem “o materialismo histórico pode e
deve ser aplicado a todos os fenômenos sociais. Nenhum é por natureza
menos digno de estudo do que outros”.
Com base no que disseram esses autores, Woodcock entende que as relações
econômicas específicas da produção capitalista moldam os tipos de hardware,
software e videogames lançados no mercado. No entanto, isso não quer dizer
que a economia determina inteiramente a superestrutura.
Uma crítica marxista da literatura, e mesmo dos videogames, diz ele, faz parte
de um projeto de compreensão de ideologias. E a ideologia não é um comando
direto, uma ordem a ser obedecida. É um fenômeno muito mais complexo, sutil,
obscuro e até contraditório.
A situação econômica é a base, mas os vários elementos da superestrutura também
exercem sua influência no curso das lutas históricas e, em muitos casos,
preponderam na determinação de sua forma.
É a partir desse entendimento que Woodcok discutirá o lugar dos videogames na
atual luta de classes.
Sigamos para próxima e última etapa.
Leia também: Videogames
e socialismo de baixo para cima
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