Doses maiores

7 de dezembro de 2020

Videogames, economia, ideologia, dominação

Em seu livro “Marx no Fliperama”, Jamie Woodcok aborda fenômenos culturais e estéticos, citando os estudiosos Nick Dyer-Witheford e Greig de Peuter:

Assim como o romance do século XVIII foi um aparato textual que gerou a personalidade burguesa exigida pelo colonialismo mercantil (mas também capaz de criticá-lo), e assim como o cinema e a televisão do século XX foram essenciais para o consumismo industrial (mas exibiu algumas de suas representações mais sombrias), os jogos virtuais são constitutivos do hipercapitalismo global do século XXI e, talvez, também de possíveis linhas de fuga dele.

Outro autor citado é Ernest Mandel, para quem “o materialismo histórico pode e deve ser aplicado a todos os fenômenos sociais. Nenhum é por natureza menos digno de estudo do que outros”.
 
Com base no que disseram esses autores, Woodcock entende que as relações econômicas específicas da produção capitalista moldam os tipos de hardware, software e videogames lançados no mercado. No entanto, isso não quer dizer que a economia determina inteiramente a superestrutura.
 
Uma crítica marxista da literatura, e mesmo dos videogames, diz ele, faz parte de um projeto de compreensão de ideologias. E a ideologia não é um comando direto, uma ordem a ser obedecida. É um fenômeno muito mais complexo, sutil, obscuro e até contraditório.
 
A situação econômica é a base, mas os vários elementos da superestrutura também exercem sua influência no curso das lutas históricas e, em muitos casos, preponderam na determinação de sua forma.

É a partir desse entendimento que Woodcok discutirá o lugar dos videogames na atual luta de classes.

Sigamos para próxima e última etapa.

Leia também: Videogames e socialismo de baixo para cima

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