Para Susie, a sensualidade seria a plataforma cultural para consumo de bens concretos e padronizados (sutiãs, roupas íntimas, Viagra ou Botox), experienciais (cafés, bares para "solteiros" ou acampamentos de nudismo), ou mais intangíveis como aconselhamento terapêutico para melhorar a experiência e competência sexuais, produtos visuais (revistas femininas ou pornografia) e o que Eva chama de bens ambientais, que supostamente induzem uma atmosfera sexy.
Nesse sentido, afirma Eva, a mídia empresarial desempenhou um papel crucial ao reciclar uma versão parcial e distorcida do feminismo, em que a igualdade e a liberdade sexuais eram equivalentes ao poder de compra e à sexualidade em exibição. Os corpos das mulheres não eram mais o local da disciplina e controle masculinos diretos, mas da experiência e do exercício de sua agência por meio da liberdade do consumidor. A famosa série de TV “Sex and the City” exemplificou essa equação pós-feminista do poder exercido por mulheres através de uma sexualidade livremente mediada pelo mercado.
A autora fala em “capitalismo escópico”, definido pela extração de mais-valia via espetáculo e exibição visual dos corpos. Esse tipo de capitalismo seria a chave para entender como as mudanças sexuais andaram de mãos dadas com novos instrumentos de poder cultural implantados por empresas capitalistas.
Voltaremos a isso.
Leia também: Sexualidade como mercadoria
Serginho, já na Pílula anterior tive uma certa inconformidade que não soube bem como expressar, talvez até por preguiça mesmo de elaborar. Sinto que esse tema da sexualidade muito complicado, e um fio da navalha, até por isso precisa ser apresentado. Bem, pelo menos no começo dessa Pílula, quando fala da sensualidade, tendo a discordar. Eu não acredito que a sensualidade seja uma questão do que é vestido, até porque acho que ela pode estar nu e continuar sendo sensual. E também não acho que a sensualidade esteja atrelada ao que é vestido, mas sim como e o que é vestido. Por exemplo, as mulheres africanas, com suas vestimentas originárias, acho muito sensual. Não sei se não entendi bem a questão da sensualidade que é colocada nessa Pílula.
ResponderExcluirÉ, talvez uma tradução profissional melhorasse a clareza dessa questão. Mas no caso, o conceito de sensualidade pode ser entendido como uma espécie de elegância material (roupas chiques, bons perfumes etc) por oposição a atributos físicos. Mas no essencial, acho que tá certo ao dizer que o julgamento do que é belo e atraente tende a ser cada vez mais mediado pelas mercadorias.
ExcluirNão se recrimine pela tradução, não acho que ela possa ter problema. Bjs
ExcluirJá existe uma edição deste livro em português pela Zahar. Até esta disponível em alguns sítios.
ResponderExcluirSério? Pesquisei e não achei.
ExcluirValeu
Você está falando do Amor Nos Tempos do Capitalismo? Só achei este e acho que não é o mesmo.
ExcluirCaro Sergio. Fiz confusão kkk
ResponderExcluirMuito bom seus posts.