Em seu livro “A classe trabalhadora: de Marx ao nosso tempo”, Marcelo Badaró destaca a importância de abordagens como a “teoria feminista/marxista unitária”. O autor destaca essa proposta por basear-se na elaboração de Marx como “crítica de uma totalidade articulada e contraditória de relações de exploração, dominação, e alienação”.
Dessa forma, afirma ele, torna-se possível “interpretar as relações de poder baseadas no gênero ou orientação sexual como momentos concretos daquela totalidade articulada, complexa e contraditória que é o capitalismo contemporâneo”. Entendendo ainda que “a opressão de gênero e a opressão racial não correspondem a dois sistemas autônomos que possuem suas próprias causas particulares: eles passaram a ser uma parte integral da sociedade capitalista através de um longo processo histórico que dissolveu formas de vida social precedentes”.
Em “O capital”, continua nosso autor, Marx expôs o drama do trabalho industrial feminino. No entanto, essa forma de opressão não foi desenvolvida por ele, mas por feministas marxistas que escreveram um século depois e apontaram para a centralidade do trabalho reprodutivo. Especialmente, o desempenhado de forma não remunerada pelas mulheres na família proletária, como elemento essencial à manutenção, reprodução (biológica e social) e regulação do preço da força de trabalho.
Esse é um dos melhores exemplos de como uma reflexão que reconhece as insuficiências de certas discussões específicas na obra de Marx encontra quase sempre respostas mais ricas do que em seus próprios escritos.
Mais uma vez dimensões importantes do proletariado ganham concretude nos embates cotidianos contra o domínio do capital em suas dimensões econômica e social. Nas lutas contra a exploração e contra a opressão.
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As feministas que leem Marx não estão contentes
Perfeito
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