Um belo texto de Laura
Fernández Cordero sobre a obra de Marx e o feminismo está disponível no portal da Unisinos. Doutora em
Ciência Sociais pela Universidade de Buenos Aires, ela afirma ser um “veredicto
muito infeliz” dizer que Marx era "cego ao gênero".
Laura começa por descrever
Marx como:
...o
marido da abnegada Jenny, companheira no caminho do exílio e da miséria. O
obstinado por um empreendimento revolucionário, que estava sempre acima de sua
família. Aquele que, apesar do anacronismo, mereceria a acusação homofóbica.
Aquele que fez teoria sobre a situação das mulheres em termos antropológicos,
históricos e políticos. E também aquele Marx que acompanhou o crescimento de
três filhas e escritoras políticas e, quando isso não era comum, levou a sério
o questionamento de uma mulher (sabe-se que foram necessários muitos rascunhos
para responder Vera Zasúlich sobre a viabilidade de uma revolução na atrasada
Rússia czarista).
Exatamente por isso, diz
ela, havia mulheres que prestavam atenção ao que ele fazia. Foram elas que “tiraram-lhe
as barbas junto com outros feminismos não marxistas”. “Traduziram a dominação
patriarcal em teorias, em conceitos, em revoluções pessoais, em práticas
políticas”. Seriam:
Laboriosas
mineiras dessa mina falaciosa que é a "natureza humana". Escavadoras
que perfuraram o solo tranquilo do Ocidente viril, assim como aquela velha escavação
da revolução que Marx esperançava.
Estariam ajudando a
promover “uma revolução da subjetividade que, longe do novo homem, continua a pôr
em xeque a tão mencionada universalidade do humano”.
Afinal, conclui Laura, Marx
“não era um conciliador, nem um cara gentil. Ele não estava contente. Nós
feministas que lemos Marx também não estamos”.
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