Hoje, milhões de trabalhadores estão conectados a plataformas de trabalho digital para filtrar fotos, testar softwares, transcrever áudios ou otimizar resultados de ferramentas de pesquisa. Muitas vezes, estão escondidos da vista e dispersos ao redor do mundo. Mas formam um componente crescente da classe trabalhadora digital, bem como da economia política da internete em geral.
Eles atuam no que se costuma chamar “crowdwork”. Conceito presente no livro “A Fábrica Digital”, de Moritz Altenried, ainda sem tradução do inglês. A palavra pode ser traduzida como “trabalho coletivo”, mas “trabalho aglomerado” talvez seja mais adequado.
Trata-se de atividade terceirizada por meio de plataformas online para pessoas trabalhando remotamente em seus dispositivos digitais, como laptops ou smartphones. Essas plataformas intermedeiam trabalho digital, definido pelo autor como aquele que envolve, principalmente, manipulação de dados.
Os “crowdworkers” costumam ser descritos como “contratados independentes”, mas não passam de mão-de-obra precarizada.
A tecnologia digital permite novos modos de padronização, decomposição, quantificação e vigilância do trabalho. Frequentemente, por meio de formas de gerenciamento, cooperação e controle total ou parcialmente automatizados.
A maioria das plataformas de crowdwork presta serviços a outras corporações, terceirizando tarefas junto a trabalhadores espalhados pelo mundo, em troca de remunerações irrisórias.
Há quem estime o número de trabalhadores registrados nessas plataformas em cerca de 70 milhões. Considerada a alta rotatividade, essa cifra pode ser consideravelmente menor. Mas, com certeza, ultrapassa os dois dígitos em milhões.
É muita exploração e são muitas as contradições. Mas uma e outras podem gerar resistência e lutas radicais. É o que veremos na próxima e última pílula desta série.
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Blog de Sérgio Domingues, com comentários curtos sobre assuntos diversos, procurando sempre ajudar no combate à exploração e opressão.
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