Segundo Moritz Altenried, em seu livro “A Fábrica Digital”, essas trabalhadoras se engajam no trabalho digital como única opção para ganhar algum dinheiro enquanto também cuidam de filhos, cônjuges ou parentes
Mas nada disso é novo. Em “O capital”, Marx cita serviços de costura e tecelagem feitos predominantemente em casa e quase exclusivamente por mulheres e crianças.
“A indústria doméstica, escreve Marx no século 19, tornou-se um departamento externo da fábrica”. Além dos operários das fábricas, “o capital também põe em movimento outro exército, por meio de fios invisíveis: os trabalhadores terceirizados nas indústrias domésticas”.
Essas formas de divisão do trabalho por gênero e sua organização social e espacial são importantes precursores da atual “economia do bico”. Na verdade, trata-se de uma reciclagem do velho acúmulo de tarefas que impõe múltiplas e exaustivas jornadas diárias de trabalho às mulheres.
A grande ironia é que há até 50 anos, grande parte das tarefas de computação em projetos científicos ou industriais era feita por mulheres formadas em matemática e outras ciências exatas. Foram algumas dessas mulheres que executaram os cálculos para o programa espacial estadunidense antes da implantação dos computadores.
Mas o reconhecimento público pelo desenvolvimento da computação foi colhido por cientistas e engenheiros homens. E não faltam denúncias do velho machismo no “inovador” Vale do Silício.
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Bom dia. Parabéns e muito obrigado pelas dicas de leitura. Abraços
ResponderExcluirObrigado pelo apoio!
ExcluirComo sempre, excelentes observações, Sergio!
ResponderExcluirObrigado pelo apoio!
ExcluirMuito boa mesmo essa pílula! Trouxe a tona esse acobertamento da capacidade intelectual das mulheres; e também a questão do trabalho doméstico, adotado permanentemente pelo capitalismo.
ResponderExcluirObrigado, querida. Uma questão fundamental. Daquelas que mostram que não há como ser anticapitalista sem ser feminista e vice-versa.
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