Poucos meses antes de morrer, Wagner fez o seguinte comentário ao célebre livro de Arthur de Gobineau “Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas”, de 1853:
A mais nobre das raças brancas, a raça ariana, degenera unicamente, mas infalivelmente, porque, sendo menos numerosa do que os representantes das raças inferiores, está obrigada a cruzar-se com eles. Ora, o que ela perde ao adulterar-se não é compensado pelo que estes ganham ao enobrecer-se.
Hitler se inspirou na estética wagneriana para construir sua imagem política. O criador de “Tannhäuser” considerava a ópera a obra de arte total, juntando música, teatro, artes visuais, arquitetura, dança.
Já Hitler, como observa João Bernardo em seu livro “Labirintos do Fascismo”, fazia:
...da assembleia política uma representação, da propaganda um teatro filmado, da arquitetura um cenário, finalmente da guerra uma coreografia. Arte do totalitarismo, a encenação converteu-se na arte absoluta e nela se operou a síntese de todas as outras.
Foi em homenagem a esse gênio musical e patife racista que o neonazista russo Yevgeny Prigojin batizou o bando de soldados mercenários que criou. Em 2022, o grupo Wagner vendeu seus serviços para Putin na guerra da Ucrânia. Mais recentemente, foi parar nas manchetes porque ameaçou se voltar contra o Kremlin.
Wagner escapou por pouco de ser nazista. Mas ele e Hitler se mereciam, assim como se merecem Prigojin, Putin e a Otan. A grande maioria da humanidade é que não merece essa ópera dos infernos.
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Ópera maldita
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