Em recente artigo, Yanis Varoufakis divulgou uma “rara boa notícia”:
...a inteligência artificial (IA) permitiu que pesquisadores desenvolvessem um antibiótico capaz de matar uma superbactéria exótica que desafiava todas as drogas antimicrobianas existentes. Um algoritmo baseado em IA mapeou milhares de compostos químicos em proteínas-chave da “Acinetobacter baumannii”, uma bactéria que causa pneumonia e infecta feridas tão gravemente que a OMS a classificou como uma das três “ameaças críticas” à humanidade.
No mesmo texto, no entanto, o autor denuncia a existência de um dispositivo de IA que pode detectar comportamentos favoráveis a sindicalização em todos os armazéns da Amazon em tempo real e a custo zero.
É desconcertante dizer isso, conclui Varoufakis, mas a “IA destruidora de sindicatos depende exatamente das mesmas descobertas científicas que produziram a IA destruidora de germes”.
É a confirmação de uma das teses mais célebres de Karl Marx:
Em certa fase de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em seus entraves.
Ou seja, uma força produtiva como a inteligência artificial pode beneficiar toda a humanidade, como no caso das bactérias. Mas as atuais relações de produção também a transformam em instrumento de opressão que garante os privilégios de um dos maiores monopólios da história do capitalismo.
Além disso, ainda há o risco de que sucessos científicos como o comemorado por Varoufakis acabem sendo patenteados por uma gigante da indústria farmacêutica. Nesse caso, seria só mais uma oportunidade de altos lucros.
É a lógica do capitalismo infectando tudo.
Leia também: Inteligência artificial: brincadeiras trágicas e nada eróticas
Nenhum comentário:
Postar um comentário