“Conceito de ‘trabalhador’ ficou no passado” diz o título de editorial do Globo, publicado em 05/05/2024. Segundo o texto, o “fracasso” da manifestação do Primeiro de Maio em São Paulo, que contou com a presença do presidente da república, “é sinal de que realidade econômica não é a que Lula e os sindicatos imaginam”.
O trabalhador enquanto conceito teria perdido sentido porque, atualmente, “um em cada quatro brasileiros trabalha como autônomo ou por conta própria”, sem patrão, muito menos vínculo sindical. Afinal, afirma o texto, “em dez anos, essa parcela da população cresceu de 20,8 milhões para 25,6 milhões”.
Apesar de admitir que “parte dessa tendência resulta da falta de opção de emprego, que leva muitos a fazer bicos para sobreviver”, o editorial prefere atribuir o fenômeno aos muitos “brasileiros que identificaram demandas de consumidores, viram oportunidades e abriram negócios”.
Aí cita um tal de Paul Donovan, segundo o qual “o 1º de Maio deveria celebrar o lucro, não o salário”, uma vez que a “renda dos produtores de conteúdo do TikTok aparece nos dados de lucros”. No lugar de assalariados, influencers. Ao invés de empresas e patrões, plataformas digitais.
Seria essa realidade que estaria sendo ignorada por Lula, conclui o jornalão. Pode até ser. O neoliberalismo realmente foi vitorioso ao promover a precarização e, principalmente, fragmentação entre os trabalhadores.
Mas ainda há grandes parcelas de trabalhadores nos setores formais e tradicionais da economia. Nesses casos, sua capacidade de mobilização foi neutralizada muito mais pelas diversas vitórias ideológicas do neoliberalismo, que conseguiu cooptar grande parte das lideranças sindicais e políticas. Muitas delas, nas fileiras da esquerda.
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Barbaridade, acabei de receber o seu mail com as Pérolas. Esse editorial desse jornal é uma Pérola toda... podre. É bem descarado, sem metáforas ou qualquer tipo de sutileza.
ResponderExcluirVerdade
ExcluirMuito bem observado!Ajudou a entender aquele fatídico 1 de maio com 2 mil pessoas.
ResponderExcluirValeu
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