Doses maiores

15 de julho de 2024

Decolonialismo de extrema direita

O título acima é de um artigo publicado pela historiadora britânica Miri Davidson. O texto está em inglês, mas pode ser lido por tradução automática.

Não deixa de ser surpreendente vincular a extrema direita a um movimento que combate as tragédias causadas pela dominação violenta de populações inteiras por parte das potências coloniais. Um campo de conhecimento e de luta surgido graças ao empenho militante de forças da esquerda.

Em seu texto, a historiadora cita o caso da extrema direita francesa, que considera a sociedade europeia como vítima de uma “colonização de imigrantes árabes e africanos” que estaria substituindo os “nativos” brancos e cristãos.

Essas teorias também ganharam uma multidão de adeptos nos Estados Unidos. Principalmente, entre os republicanos, com Trump propondo medidas de deportação em massa, caso seja reeleito em novembro.

Enquanto isso, em Israel, Netanyahu usa o genocídio para "descolonizar" os territórios ocupados há milênios por palestinos, defendendo um Estado em que judeus sejam considerados legítimos habitantes e os árabes, invasores.

Mas este processo não é tão recente. Não à toa, o Partido Nazista se chamava Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Agora, como antes, a ideia é tirar proveito dos descontentamentos, ressentimentos e revoltas populares diante do funcionamento socialmente destrutivo e contraditório do sistema capitalista. Virar do avesso as manifestações, expressões e palavras-de-ordem antissistema para transformá-las em armas do sistema.

Essa tática, porém, só se torna realmente vitoriosa graças às frustrações deixadas pelas derrotas da esquerda. Em especial, dos setores que ocupam postos governamentais e parlamentares empenhados em se credenciar como salvadores do sistema.

Não existe luta anticolonial de direita. Muito menos, anticapitalismo capitalista.

Leia também: A origem fascista do nazismo de esquerda

5 comentários:

  1. Parabéns, Sérgio! Texto brilhante, esclarecedor e necessário, principalmente os dois últimos parágrafos!

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  2. Seria cômico se não fosse trágico. O antissistema da extrema direita tem dessas pérolas de propor acabar com as conquistas mais avançadas dos trabalhadores dentro do capitalismo.

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  3. "Parabéns, Sérgio! Texto brilhante, esclarecedor e necessário, principalmente os dois últimos parágrafos! " - Repito desavergonhadamente rsrs. Em poesia se chama "chave de ouro", mas em prosa eu não sei - deve ter um nome na Retórica de Aristóteles.
    Esse assunto é complexo: eu li com horror inigualável o livro de Michel Houellebecq - Submissão e li os Contos da Aia ( e vi a série). Tenho mais medo de um fundamentalista religioso que de um "fritão" faminto. Duvido haver recuo desse povo nas eleições deste ano...

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