A extrema-direita costuma afirmar que o nazismo era de esquerda. Um absurdo criado pelas manipulações ideológicas feitas pelo fascismo histórico. É o que mostra o livro “Labirintos do Fascismo”, de João Bernardo.
Quando Mussolini e Hitler surgiram era enorme a influência dos comunistas na política europeia. Frente a isso, fascistas e nazistas sequestraram e distorceram elementos isolados do discurso da esquerda. Por exemplo, atribuindo ao conceito econômico de exploração os sinônimos moralistas de especulação e corrupção. Ou convertendo o conceito social de luta de classes no tema cultural do declínio da civilização. Já a noção política de vanguarda proletária virou elite, conceito sociológico.
Essas operações, diz Bernardo, permitiram “converter um sistema ideológico da classe trabalhadora em palavras de ordem esparsas, destinadas a mobilizar os descontentes de todas as classes”.
Não à toa, o nome oficial do Partido Nazista era Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores. E seu programa de 1920 condenava o capital especulativo e defendia somente os rendimentos do capital industrial. Como se este já não fosse inseparável do capital financeiro desde o século 19. Tentando legitimar a riqueza apropriada pelos empresários, o programa previa até e pena de morte para usurários e especuladores.
Num discurso em 1920, Hitler disse: “Não somos um partido de classe, mas de honestos produtores”. Dentre estes, estavam os grandes patrões que exploravam os trabalhadores alemães e financiaram as políticas nazistas de destruição do movimento operário.
Toda essa confusão de conceitos é bastante comum em qualquer conversa corriqueira até hoje. Alimentada pelo grande capital e aproveitada pelo fascismo, precisa ser combatida pelo trabalho ideológico cotidiano da esquerda.
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Muito bom, verdade.
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