Inovações não parecem algo que possa ser impulsionado pelo Estado. Mas coube a Mariana Mazzucato mostrar que quase todos os principais avanços tecnológicos atuais são produto de planejamento estatal. Em seu livro “O Estado Empreendedor”, a economista ítalo-americana pergunta: “Quantas pessoas sabem que o algoritmo que levou ao sucesso do Google foi financiado por uma doação da National Science Foundation, do setor público estadunidense?”.
Outro exemplo é a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, na sigla em inglês), criada em 1958 pelos estadunidenses, em resposta ao estrondoso sucesso do lançamento do Sputnik pelos soviéticos, no ano anterior.
A DARPA financiou a dispendiosa fabricação de protótipos de chips de computador na Universidade do Sul da Califórnia ao longo das décadas de 1960 e de 1970.
Mazzucato lista algumas tecnologias cruciais que tornam os smartphones “inteligentes”: microprocessadores, chips de memória, discos rígidos, monitores de cristal líquido, baterias de lítio, a internete, protocolos HTTP e HTML, o GPS, reconhecimento de voz e telas sensíveis ao toque. Cada uma delas, diz ela, apoiada pelo setor público em fases-chave de seu desenvolvimento.
O relato acima está no livro “The People's Republic of Walmart”, Leigh Phillips e Michael Rozworski e mostra como grande parte dessas inovações nada tinha a ver com incentivos de mercado. Foi produto de decisões estratégicas do Estado tomadas em meio a ferozes disputas imperialistas. São evidências de que a inovação impulsionada pela concorrência capitalista é uma falácia.
Por outro lado, os interesses a que serve o planejamento estatal atualmente o tornam incapaz de assegurar bem-estar para a maioria. Este será o tema da próxima pílula.
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