Doses maiores

4 de dezembro de 2024

A diversidade sexual nas antigas sociedades africanas

Um interessante artigo foi publicado em 2023, na página do Partido Socialista dos Trabalhadores, da Inglaterra. Escrito por Ken Olende, seu título em tradução livre é “Como o Império Britânico exportou a homofobia”. Para provar a afirmação do título, o autor faz um histórico sobre o relativo respeito à diversidade sexual entre vários povos africanos antes do domínio colonial europeu. E dá alguns exemplos dessa situação:

- Nzinga, a mulher que liderou a resistência contra a invasão portuguesa de Angola a partir da década de 1620, era chamada de rei, se vestia como homem e tinha um “harém” de jovens que se vestiam como mulheres e eram suas esposas.

- Entre o povo Zande na África Central, guerreiros mais velhos se casavam temporariamente com guerreiros mais jovens.

- As guerreiras do povo Fon, no antigo Daomé, eram consideradas homens por causa de seu treinamento militar e muitas mantinham relacionamentos com outras mulheres.

- Em Gana, na década de 1940, relações lésbicas eram virtualmente universais entre as mulheres solteiras do povo Akan, às vezes continuando depois do casamento.

- Da mesma forma, entre os Langi, em Uganda, os mudoko dako ou “homens efeminados” eram tratados como mulheres e podiam se casar com homens.

Outros exemplos podem ser encontrados no artigo, mas Olende adverte que eles não são um modelo para o futuro. Apenas mostram que havia sociedades com ideias muito diferentes sobre sexualidade e gênero antes do domínio colonial. Por isso, é possível ter uma sociedade sem homofobia.

Infelizmente, a realidade no continente hoje é outra, com muitos governos e sociedades ainda rendidos ao conservadorismo contemporâneo ocidental.

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