Antes de sair voando por aí em seu trenó, Papai Noel era apenas São Nicolau. Filho de pais ricos, acabou com sua herança distribuindo dinheiro aos pobres e presenteando crianças de famílias sem posses. Com o tempo transformou-se no Papai Noel.
Em 1931, a Coca-Cola tornou Papai Noel uma figura totalmente humana. Até a cor vermelha foi escolhida para combinar com os logotipos da empresa. Mas, não adianta só questionar a origem mercantil da gorda figura vermelha. O problema é saber o que leva pessoas de todas as idades a precisar de um mundo do faz de conta.
Todos os povos, em todos os lugares sempre precisaram dessa dimensão fantasiosa. Principalmente, em sua função pedagógica junto às crianças. São formas de introduzir os pequenos aos problemas da vida usando imagens claras e situações atraentes.
A indústria transforma essa necessidade em pacotes quantificáveis. A deliciosa experiência de ouvir ou de contar contos de fada passa a ser acompanhada pela necessidade de comprar os brinquedos, jogos e filmes a ele correspondentes. Ao “era uma vez...”, as crianças respondem cada vez mais com “compra pra mim”.
A esquerda tem que se dedicar a esse aspecto da luta ideológica. Ouvir pedagogos, psicólogos, especialistas. Ouvir principalmente o próprio povo. Recuperar a história oral, prestar atenção à literatura de cordel e outras manifestações da narrativa popular. Criar um ambiente cultural menos marcado pela escravidão material a que o capitalismo nos condena.
Mas até para fazermos isso sem perigo de produzir ou reproduzir esquemas de dominação, é preciso dar asas à imaginação.
Doses suspensas até começo de janeiro. Saudações festivas e aladas!
Blog de Sérgio Domingues, com comentários curtos sobre assuntos diversos, procurando sempre ajudar no combate à exploração e opressão.
Doses maiores
▼
20 de dezembro de 2010
18 de dezembro de 2010
Facebook: solidões acompanhadas
O filme “A rede social”, de David Fincher, conta a história de Mark Zuckerberg, um dos criadores do Facebook. O retrato que a produção faz dele não é nada positivo. Segundo o filme, Zuckerberg não é bom apenas em computação. Seus talentos incluem puxadas de tapete e rasteiras em amigos e sócios.
Até aí tudo bem. Ninguém chega a faturar bilhões sem se emporcalhar. Na economia “pontocom” não seria diferente. O que assusta mesmo é o vazio do personagem principal.
As maiores ambições de Zuckerberg são fazer parte de clubes exclusivos, ser um alto executivo, transar com lindas mulheres, ganhar bilhões. Mas nada parece lhe dar mais prazer do que vencer. Preocupado com isso, ele não tem muito tempo para curtir clubes, cargos, mulheres e dinheiro.
O filme começa e termina sem que o talentoso jovem tenha feito ligações duradouras com quem quer que seja. Neste caso, não seria coincidência que um solitário tenha criado a mais ampla rede de contatos do mundo.
O filósofo francês Jean Paul Sartre dizia que no capitalismo vivemos em uma sociedade serial. Usava o exemplo das filas de ônibus. As pessoas estão juntas, mas não estão acompanhadas. É um ajuntamento de solidões.
Ao que parece, redes virtuais acabam sendo mais seriais que sociais. Ajudam a aprofundar uma lógica que produz intimidades remotas e multidões solitárias. É a fila do ônibus que invade a casa ou o escritório. Alguém que tem 235 contatos e acha que são todos seus amigos está tão sozinho quanto Zuckerberg em “A rede social”.
Até aí tudo bem. Ninguém chega a faturar bilhões sem se emporcalhar. Na economia “pontocom” não seria diferente. O que assusta mesmo é o vazio do personagem principal.
As maiores ambições de Zuckerberg são fazer parte de clubes exclusivos, ser um alto executivo, transar com lindas mulheres, ganhar bilhões. Mas nada parece lhe dar mais prazer do que vencer. Preocupado com isso, ele não tem muito tempo para curtir clubes, cargos, mulheres e dinheiro.
O filme começa e termina sem que o talentoso jovem tenha feito ligações duradouras com quem quer que seja. Neste caso, não seria coincidência que um solitário tenha criado a mais ampla rede de contatos do mundo.
O filósofo francês Jean Paul Sartre dizia que no capitalismo vivemos em uma sociedade serial. Usava o exemplo das filas de ônibus. As pessoas estão juntas, mas não estão acompanhadas. É um ajuntamento de solidões.
Ao que parece, redes virtuais acabam sendo mais seriais que sociais. Ajudam a aprofundar uma lógica que produz intimidades remotas e multidões solitárias. É a fila do ônibus que invade a casa ou o escritório. Alguém que tem 235 contatos e acha que são todos seus amigos está tão sozinho quanto Zuckerberg em “A rede social”.
16 de dezembro de 2010
Seis milhões de casas assombradas
Centenas de famílias que vinham ocupando prédios do INSS nas capitais paulista e fluminense já receberam seus presentes de Natal. Despejos violentos, com ou sem determinação judicial. Esta última é facilmente fornecida por juízes a serviço do poder econômico. Mas pode ser desnecessária quando o aparelho policial faz uso de seus cassetetes sem maiores formalidades.
O fato é que milhões de pessoas estão longe de conquistar o direito básico a uma moradia digna no Brasil. Para garanti-lo seria preciso construir cerca de 5,8 milhões de casas. Em resposta a essa situação, o Ministério das Cidades criou o programa “Minha Casa, Minha Vida”. O objetivo é construir 1 milhão de unidades.
Mas, segundo o último censo, há cerca de 6 milhões de domicílios vagos no País. Pelo menos 200 mil a mais do que o necessário. Além disso, o Ministério da Previdência possui mais de 5 mil imóveis. Todos confiscados de devedores da Previdência Social. Destes imóveis, quase 3.500 estão vagos.
Ou seja, seria possível zerar o déficit habitacional nacional sem construir uma única casa. O problema é que desocupar imóveis implica brigar com proprietários. Entrar em choque com o poder econômico. Já criar programas habitacionais oferece oportunidades de lucros para empreiteiras, financiamentos para bancos, eventos espetaculares na grande imprensa. Resumindo, fazer do jeito que o poder econômico quer.
A tradição popular sempre povoou as casas vazias com assombrações. Talvez, porque a existência de moradias sem moradores atraia a condenação eterna para quem a provoca. Que assim seja!
O fato é que milhões de pessoas estão longe de conquistar o direito básico a uma moradia digna no Brasil. Para garanti-lo seria preciso construir cerca de 5,8 milhões de casas. Em resposta a essa situação, o Ministério das Cidades criou o programa “Minha Casa, Minha Vida”. O objetivo é construir 1 milhão de unidades.
Mas, segundo o último censo, há cerca de 6 milhões de domicílios vagos no País. Pelo menos 200 mil a mais do que o necessário. Além disso, o Ministério da Previdência possui mais de 5 mil imóveis. Todos confiscados de devedores da Previdência Social. Destes imóveis, quase 3.500 estão vagos.
Ou seja, seria possível zerar o déficit habitacional nacional sem construir uma única casa. O problema é que desocupar imóveis implica brigar com proprietários. Entrar em choque com o poder econômico. Já criar programas habitacionais oferece oportunidades de lucros para empreiteiras, financiamentos para bancos, eventos espetaculares na grande imprensa. Resumindo, fazer do jeito que o poder econômico quer.
A tradição popular sempre povoou as casas vazias com assombrações. Talvez, porque a existência de moradias sem moradores atraia a condenação eterna para quem a provoca. Que assim seja!
15 de dezembro de 2010
Vida é biomassa. Vida é mercadoria
Estranha a preocupação dos manda-chuvas reunidos na COP-16 em relação à preservação das florestas. Uma entrevista com a pesquisadora Silvia Ribeiro para o Brasil de Fato ajuda a entender. Ela trabalha para a organização internacional Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração (ETC).
Silvia diz que trata-se de mais um passo para mercantilização da natureza. Segundo ela, quando os chefões do mundo pensam em florestas, não se trata de plantas, insetos, animais. Não é vida. É biomassa. Matéria prima para uma nova geração de combustíveis. A pesquisadora explica qual é a lógica:
Leia a íntegra da entrevista aqui.
Leia também COP-16: “Planeta ou Morte”, diz Evo
Silvia diz que trata-se de mais um passo para mercantilização da natureza. Segundo ela, quando os chefões do mundo pensam em florestas, não se trata de plantas, insetos, animais. Não é vida. É biomassa. Matéria prima para uma nova geração de combustíveis. A pesquisadora explica qual é a lógica:
Hoje, nós vivemos em uma civilização baseada no petróleo, não só para combustíveis, mas toda a agricultura está petrolizada, sejam nos agrotóxicos, nas embalagens, nos plásticos. E o petróleo é matéria orgânica, ou seja, carbono. São hidrocarbonetos que estiveram milhões de anos na terra, é uma energia condensada muito forte. Das cadeias de hidrocarbonetos fazem outros polímeros. Então, a idéia é usar os carboidratos (...), fermentá-los com açúcares e, assim, produzir os polímeros que se formam através do petróleo. E já estão fazendo combustíveis e plástico, por exemplo, com milho. Não deixarão de usar petróleo, porque as petroleiras são enormes empresas, vão seguir usando até que não haja mais e, além disso, vão usar biomassa como nova fonte.
Assim, a demanda de biomassa será enorme no futuro e isso significa demandas enormes de terra e água. De onde vão tirar? Vão tirar de onde estão os camponeses e indígenas. No Brasil isso é muito claro. O país já é um retalho: em um lado milho, em outro eucalipto, em outro soja etc.É assustador, mas não passa do aprofundamento da lógica capitalista. Tudo se transforma em mercadoria. Como diz Silvia, “tudo é biomassa. Até nós”.
Leia a íntegra da entrevista aqui.
Leia também COP-16: “Planeta ou Morte”, diz Evo
14 de dezembro de 2010
A moto-serra de Aldo ataca novamente
Enquanto o Wikileaks vaza e a COP-16 faz água, Aldo Rebelo volta a ligar sua serra elétrica. O relatório do deputado federal do PC do B que modifica o Código Florestal voltou ao debate. A bancada ruralista colocou em votação requerimento de urgência para que a proposta entre na pauta de votação na Câmara.
Nota do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) diz que a aprovação do relatório:
A bancada ruralista vem contando com apoio até do líder do governo, Cândido Vaccarezza. O deputado petista quer ser presidente da Câmara e busca o apoio dos representantes do agronegócio. Mais um pra turma da moto-serra.
Leia também
Aldo Rebelo: um anão a serviço de gigantes
Aldo Rebelo de moto-serra em punho
Nota do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) diz que a aprovação do relatório:
“...prejudicará milhares de produtores familiares e campesinos, estimulará o desmatamento florestal, comprometerá as fontes de água doce, degradará ainda mais o solo brasileiro e anistiará as empresas madeireiras, as mineradoras, as empresas de celulose, os pecuaristas e os monocultores de soja, entre outras atividades predadoras dos recursos naturais”.Segundo o FNRA, “iscas” foram lançadas para pescar o apoio dos pequenos produtores. Uma delas é o fim da obrigatoriedade de manter uma reserva de vegetação original nas propriedades. Isso ampliaria a área de plantio, mas a nota explica que:
“A agricultura familiar e camponesa produz mais por hectare que a patronal porque é diversificada, possui modo próprio de uso da terra e conserva os recursos naturais”.Outra isca é reduzir de 30 metros para 15 metros a área de preservação mínima para rios. Medida que aumentaria a poluição dos rios, causando problemas de abastecimento. Já a liberação do desmatamento no alto dos morros, colocará em risco a vida dos que vivem nos vales. Aumentariam as ameaças de deslizamentos e desabamentos. Tudo isso, sem falar na anistia que premia criminosos ambientais. É por isso que o FNRA convoca à mobilização para barrar o relatório de Rebelo.
A bancada ruralista vem contando com apoio até do líder do governo, Cândido Vaccarezza. O deputado petista quer ser presidente da Câmara e busca o apoio dos representantes do agronegócio. Mais um pra turma da moto-serra.
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13 de dezembro de 2010
COP-16: “Planeta ou Morte”, diz Evo
A Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) terminou. Grande imprensa e autoridades comemoram. Como representantes da destruição capitalista, só podiam ficar felizes. Felizmente, houve uma honrosa exceção. O governo boliviano foi o único entre os 194 representados em Cancún a denunciar o acordo final como mais uma fraude.
Entre os itens comemorados está a manutenção do Protocolo de Kyoto, que prevê a redução de emissão de gases estufa. Aquele que quase ninguém cumpre. Principalmente os países que mais poluem. O mesmo que os Estados Unidos nunca assinaram, apesar de possuírem as chaminés mais porcas do mundo.
Outra “vitória” é a criação de um Fundo Verde para financiar “ações de combate ao aquecimento global”. Mais um passo para a formação do “mercado de carbono”. Também foi criada uma premiação em dinheiro para países que preservarem suas florestas.
Combater a destruição ambiental com mecanismos de mercado só pode ser piada de mau gosto. É como combater tumor maligno com substâncias cancerígenas. Afinal, é o funcionamento do capitalismo que vem destruindo o meio-ambiente. Além disso, ficar negociando carbono pode ser mais uma chance de formar outra bolha especulativa.
É por isso que Evo Morales estava coberto de razão quando declarou: "converter a natureza em mercadoria é garantir a sobrevivência do capitalismo". E completou, afirmando que não basta gritar “Pátria ou morte”. “Temos que dizer planeta ou morte porque ou morre o capitalismo ou morre a Mãe Terra”.
Ideal mesmo seria que reuniões como estas fossem soterradas pela ação organizada dos povos do planeta.
Leia também COP-16: desastre ambiental e social
Entre os itens comemorados está a manutenção do Protocolo de Kyoto, que prevê a redução de emissão de gases estufa. Aquele que quase ninguém cumpre. Principalmente os países que mais poluem. O mesmo que os Estados Unidos nunca assinaram, apesar de possuírem as chaminés mais porcas do mundo.
Outra “vitória” é a criação de um Fundo Verde para financiar “ações de combate ao aquecimento global”. Mais um passo para a formação do “mercado de carbono”. Também foi criada uma premiação em dinheiro para países que preservarem suas florestas.
Combater a destruição ambiental com mecanismos de mercado só pode ser piada de mau gosto. É como combater tumor maligno com substâncias cancerígenas. Afinal, é o funcionamento do capitalismo que vem destruindo o meio-ambiente. Além disso, ficar negociando carbono pode ser mais uma chance de formar outra bolha especulativa.
É por isso que Evo Morales estava coberto de razão quando declarou: "converter a natureza em mercadoria é garantir a sobrevivência do capitalismo". E completou, afirmando que não basta gritar “Pátria ou morte”. “Temos que dizer planeta ou morte porque ou morre o capitalismo ou morre a Mãe Terra”.
Ideal mesmo seria que reuniões como estas fossem soterradas pela ação organizada dos povos do planeta.
Leia também COP-16: desastre ambiental e social
10 de dezembro de 2010
Os Estados Unidos e suas mentiras de guerra
Circula pela internete uma mensagem do editor-chefe do WikiLeaks. Entre outras coisas, Julian Assange, diz:
O livro relata ainda uma conferência realizada na Casa Branca duas semanas antes de Pearl Harbor. Os registros do evento mostram que a guerra era considerada iminente e necessária. O debate central era como deveria ser justificada. O bombardeio chegou na hora certa. O resto foi feito pela grande imprensa, exagerando, distorcendo informações e escondendo o longo jogo de provocações que antecedeu o ataque japonês.
Leia o texto de Assange aqui
Leia também EUA: a sangrenta alternativa civilizada
“Há quem diga que sou anti-guerra: para que conste, não sou. Por vezes os países precisam ir à guerra e há guerras justas. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir ao seu povo (...). Se uma guerra é justificada, então digam a verdade e o povo decidirá se a apóia”.Assange refere-se às mentiras criadas pelos americanos para justificar as invasões de Iraque e Afeganistão. Mas a história estadunidense tem muitos outros relatos sobre falsas justificativas para provocar guerras. É o que nos diz o livro “Uma história do povo dos Estados Unidos”, de Howard Zinn:
“Não foram os ataques de Hitler aos judeus que levaram os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial. (...). O ataque da Itália à Etiópia, a invasão da Áustria e a anexação da Tchecoslováquia por Hitler, assim como seu ataque à Polônia. Nenhum desses eventos levou os Estados Unidos a entrar na guerra (...). O que colocou os Estados Unidos na guerra efetivamente foi o ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí, em dezembro de 1941”.Mas o ataque à base americana não foi uma surpresa total. Segundo Zinn:
“Pearl Harbor foi apresentado ao público americano como uma ação surpreendente, chocante, imoral. Imoral foi mesmo, como qualquer outro bombardeio. Mas não foi surpreendente ou chocante para o governo americano”.Zinn cita, então, uma série de atos de agressão mútua entre os dois países, cujo início foi marcado por sanções econômicas americanas contra o Japão. Na verdade, os Estados Unidos vinham perdendo o controle de áreas importantes do Oceano Pacífico para os japoneses. Daí, tomar iniciativas para preparar um conflito militar.
O livro relata ainda uma conferência realizada na Casa Branca duas semanas antes de Pearl Harbor. Os registros do evento mostram que a guerra era considerada iminente e necessária. O debate central era como deveria ser justificada. O bombardeio chegou na hora certa. O resto foi feito pela grande imprensa, exagerando, distorcendo informações e escondendo o longo jogo de provocações que antecedeu o ataque japonês.
Leia o texto de Assange aqui
Leia também EUA: a sangrenta alternativa civilizada
9 de dezembro de 2010
COP-16: desastre ambiental e social
Longe do calor de Cancún, o continente europeu vem batendo os queixos de frio. Também vem sofrendo solavancos econômicos que provocam o ranger dos dentes de milhões de trabalhadores e estudantes.
Temperaturas que chegam a 40 graus negativos. Quase 50 centímetros de neve. Estradas, aeroportos e ferrovias paralisados. Centenas de mortos. Já se fala no pior inverno europeu das últimas três décadas. Meses depois do que se considerou um dos piores verões.
Enquanto isso, em Portugal, a maior greve geral de sua história. Na Inglaterra, os estudantes protestam nas ruas diariamente. O mesmo ocorreu na França há pouco. Os irlandeses também começam a se revoltar. O alvo são medidas governamentais que reduzem salários, aumentam mensalidades escolares, inviabilizam aposentadorias, cortam direitos.
É a crise que continua a abalar a Zona do Euro. Em nome do combate a ela, a maioria da população é punida. Os verdadeiros responsáveis pela crise nada sofrem e ainda recebem ajuda. Desde 2008, na Grécia, ondas de lutas se sucedem. Muito antes disso, ondas de frio e calor abalam o planeta.
As tragédias climáticas e os desastres sociais são produto do mesmo sistema. O capitalismo atinge novos e piores níveis de desequilíbrio em sua busca cega por lucros. Invade cada canto do planeta. Afeta leis naturais. Ameaça a vida em suas várias formas.
A Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) está em andamento no México. Reúne representantes dos principais responsáveis pelo colapso ambiental que vivemos. Únicos causadores das crises sociais. Por isso, não vão chegar a qualquer acordo que interesse à maioria da população mundial.
Leia também COP-16 reúne manda-chuvas desastrados
Temperaturas que chegam a 40 graus negativos. Quase 50 centímetros de neve. Estradas, aeroportos e ferrovias paralisados. Centenas de mortos. Já se fala no pior inverno europeu das últimas três décadas. Meses depois do que se considerou um dos piores verões.
Enquanto isso, em Portugal, a maior greve geral de sua história. Na Inglaterra, os estudantes protestam nas ruas diariamente. O mesmo ocorreu na França há pouco. Os irlandeses também começam a se revoltar. O alvo são medidas governamentais que reduzem salários, aumentam mensalidades escolares, inviabilizam aposentadorias, cortam direitos.
É a crise que continua a abalar a Zona do Euro. Em nome do combate a ela, a maioria da população é punida. Os verdadeiros responsáveis pela crise nada sofrem e ainda recebem ajuda. Desde 2008, na Grécia, ondas de lutas se sucedem. Muito antes disso, ondas de frio e calor abalam o planeta.
As tragédias climáticas e os desastres sociais são produto do mesmo sistema. O capitalismo atinge novos e piores níveis de desequilíbrio em sua busca cega por lucros. Invade cada canto do planeta. Afeta leis naturais. Ameaça a vida em suas várias formas.
A Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) está em andamento no México. Reúne representantes dos principais responsáveis pelo colapso ambiental que vivemos. Únicos causadores das crises sociais. Por isso, não vão chegar a qualquer acordo que interesse à maioria da população mundial.
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8 de dezembro de 2010
Industrialização sem empregos
O Brasil produz a todo vapor? Sim, claro. Significa mais empregos? Nem sempre. Em Manaus, a produção de TVs LCD cresceu mais de 150% de janeiro a outubro de 2010. Já, a Gatsby do Brasil deverá fechar o ano sem dois terços de seus funcionários. A empresa fabrica cabos para televisores na capital amazonense. Terá um faturamento 40% menor porque os aparelhos LCD não utilizam o sistema de cabos que a empresa produz.
Outro exemplo? A forte expansão da produção agrícola fez disparar a venda de tratores e máquinas agrícolas. Crescimento de 28% até outubro, em relação a 2008. A Engrecon fabrica engrenagens para tratores. Deve terminar o ano com produção 30% menor. E um terço a menos de trabalhadores.
Estes números estão na reportagem de Marta Watanabe, publicada hoje pelo Valor. Mostram que desindustrialização não que dizer necessariamente queda na produção industrial. Pode ser “a perda relativa de dinamismo da indústria na geração de renda e emprego". É o que admite um estudo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, também publicado pelo Valor, em 17/10.
Para o ministério, esta ameaça vem cercando a economia do país desde 2007. Momento em que a participação dos produtos manufaturados começou a cair. Estamos falando de máquinas, veículos, eletrodomésticos. Já, a exportação de commodities sobe. Principalmente, ferro, soja, alumínio. Para ter uma idéia, uma tonelada de minério de ferro custa cerca de 160 dólares. Este valor mal dá para comprar um par de tênis importado. Pergunta-se, quantos empregos giram em torno da produção e circulação de um e de outro?
Outro exemplo? A forte expansão da produção agrícola fez disparar a venda de tratores e máquinas agrícolas. Crescimento de 28% até outubro, em relação a 2008. A Engrecon fabrica engrenagens para tratores. Deve terminar o ano com produção 30% menor. E um terço a menos de trabalhadores.
Estes números estão na reportagem de Marta Watanabe, publicada hoje pelo Valor. Mostram que desindustrialização não que dizer necessariamente queda na produção industrial. Pode ser “a perda relativa de dinamismo da indústria na geração de renda e emprego". É o que admite um estudo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, também publicado pelo Valor, em 17/10.
Para o ministério, esta ameaça vem cercando a economia do país desde 2007. Momento em que a participação dos produtos manufaturados começou a cair. Estamos falando de máquinas, veículos, eletrodomésticos. Já, a exportação de commodities sobe. Principalmente, ferro, soja, alumínio. Para ter uma idéia, uma tonelada de minério de ferro custa cerca de 160 dólares. Este valor mal dá para comprar um par de tênis importado. Pergunta-se, quantos empregos giram em torno da produção e circulação de um e de outro?
7 de dezembro de 2010
Wikileaks: o capitalismo vaza. E fede
O assunto do momento é o Wikileaks, site dedicado ao vazamento de documentos governamentais secretos. Desde julho, já foram revelados quase 350 mil papéis. A Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que se trata de “um ataque ao mundo”. A cúpula sobre mudanças climáticas do México estaria sendo afetada pela divulgação dos documentos. Julian Assange, fundador do Wikileaks, acaba de ser preso em Londres sob acusação de crimes sexuais.
Nada disso parece ser o que aparenta. É verdade que o mundo vem sofrendo os ataques de que fala a Sra. Clinton. Mas, os documentos vazados revelam que seu maior autor é o governo que ela representa. São milhares de telegramas e memorandos cheios de instruções para espionar, caluniar, mentir, omitir, atacar, sabotar. Seus alvos principais: governos rebeldes, movimentos sociais e partidos de esquerda.
O vazamento de documentos oficiais sobre a questão climática seria uma boa desculpa para justificar a impossibilidade de que se chegue a algum acordo decente. A prisão de Assange também é muito suspeita. Assim como é errado considerá-lo um terrorista anarquista e irresponsável.
Assange já disse que é a favor dos mercados. Além disso, o Wikileaks vem mantendo uma parceria informal com cinco grandes publicações mundiais: "Times", "Guardian", "Der Spiegel", "Le Monde" e "El País". Jornalões que nada têm de anarquistas ou terroristas. Tudo indica que o perigo representado por Assange é sua própria crença de que no capitalismo pode haver liberdade de expressão.
A avalanche de informações continua sendo administrada pelas grandes corporações da mídia. Difícil é esconder seu fedor. Já vale alguma coisa.
Leia também Wikileaks: vazamento do bem
Nada disso parece ser o que aparenta. É verdade que o mundo vem sofrendo os ataques de que fala a Sra. Clinton. Mas, os documentos vazados revelam que seu maior autor é o governo que ela representa. São milhares de telegramas e memorandos cheios de instruções para espionar, caluniar, mentir, omitir, atacar, sabotar. Seus alvos principais: governos rebeldes, movimentos sociais e partidos de esquerda.
O vazamento de documentos oficiais sobre a questão climática seria uma boa desculpa para justificar a impossibilidade de que se chegue a algum acordo decente. A prisão de Assange também é muito suspeita. Assim como é errado considerá-lo um terrorista anarquista e irresponsável.
Assange já disse que é a favor dos mercados. Além disso, o Wikileaks vem mantendo uma parceria informal com cinco grandes publicações mundiais: "Times", "Guardian", "Der Spiegel", "Le Monde" e "El País". Jornalões que nada têm de anarquistas ou terroristas. Tudo indica que o perigo representado por Assange é sua própria crença de que no capitalismo pode haver liberdade de expressão.
A avalanche de informações continua sendo administrada pelas grandes corporações da mídia. Difícil é esconder seu fedor. Já vale alguma coisa.
Leia também Wikileaks: vazamento do bem
6 de dezembro de 2010
Carta ao século 16: imagens vazias
Irmãos, cá estou. Ainda, no século 21. Cada vez mais espantado com os costumes desta época. Há algum tempo fui levado para o centro de uma de suas grandes cidades. Esqueçam nossos maiores burgos. Não passam de vilarejos se comparados ao menor dos ajuntamentos urbanos por eles chamados de metrópoles.
Dentre muitas outras de suas maravilhas, é impressionante a onipresença de imagens pela urbe. Ruas, praças, fachadas de edifícios, paredes em geral, veículos, postes, cercas. Quase tudo coberto de cartazes coloridos. Quase todos, retratando homens e mulheres bonitos, brancos e sorridentes. Aliás, bastante distintos da população que por entre eles circula.
Diante disso, indaguei um contemporâneo desta época cheia de maravilhas excêntricas. Questionei-o sobre os segredos que se escondem sob tais imagens? Afinal, em nosso tempo, as criações pictográficas requeriam um grande esforço de interpretação. Lembro de Piero della Francesca e suas pinturas cheias de enigmas. O ovo de avestruz sobre a cabeça da Virgem em “A Sacra conversação”. O “Flagelo de Cristo” e a dúvida sobre quem seriam os cavaleiros que se apresentam em primeiro plano.
Pensei que tamanha profusão de representações também guardasse seus segredos. Mais do que isso, fossem provas de que finalmente a figura humana tornara-se central em nossa civilização. Evidências de que o humanismo finalmente triunfara sobre o obscurantismo fanático das igrejas.
Mas não é o que meu interlocutor acabou por me explicar. Disse-me ele que as imagens que vi por todos os lados pouco significam. Não são mais do que anúncios para vender coisas. Longe da celebração do humano, representam um novo fanatismo. São cultos estéreis prestados a simples mercadorias.
Leia também Carta ao século 19: selvagem igualdade
Dentre muitas outras de suas maravilhas, é impressionante a onipresença de imagens pela urbe. Ruas, praças, fachadas de edifícios, paredes em geral, veículos, postes, cercas. Quase tudo coberto de cartazes coloridos. Quase todos, retratando homens e mulheres bonitos, brancos e sorridentes. Aliás, bastante distintos da população que por entre eles circula.
Diante disso, indaguei um contemporâneo desta época cheia de maravilhas excêntricas. Questionei-o sobre os segredos que se escondem sob tais imagens? Afinal, em nosso tempo, as criações pictográficas requeriam um grande esforço de interpretação. Lembro de Piero della Francesca e suas pinturas cheias de enigmas. O ovo de avestruz sobre a cabeça da Virgem em “A Sacra conversação”. O “Flagelo de Cristo” e a dúvida sobre quem seriam os cavaleiros que se apresentam em primeiro plano.
Pensei que tamanha profusão de representações também guardasse seus segredos. Mais do que isso, fossem provas de que finalmente a figura humana tornara-se central em nossa civilização. Evidências de que o humanismo finalmente triunfara sobre o obscurantismo fanático das igrejas.
Mas não é o que meu interlocutor acabou por me explicar. Disse-me ele que as imagens que vi por todos os lados pouco significam. Não são mais do que anúncios para vender coisas. Longe da celebração do humano, representam um novo fanatismo. São cultos estéreis prestados a simples mercadorias.
Leia também Carta ao século 19: selvagem igualdade
3 de dezembro de 2010
Pro dia nascer feliz, em Manari
Em 2006, João Jardim lançou o documentário “Pro dia nascer feliz”. O filme acompanha o sistema educacional brasileiro desde a miséria dos sertões até o ensino dirigido aos filhos das famílias mais ricas do País. Mostra que em todos esses níveis é difícil ver alguma coisa que possa ser chamada de pedagogia. Ou seja, a formação de indivíduos capazes de desenvolver plenamente seus potenciais criativos e sociais.
O documentário poderia levar o espectador mais sensível ao desespero. Mas, esse sentimento dá lugar à esperança que surge da grande capacidade de resistência dos jovens envolvidos. Entre eles, Valéria Fagundes, nascida no município pernambucano de Manari, o mais pobre do Brasil. A produção de Jardim mostra a talentosa jovem de 17 anos enfrentando a dura realidade sertaneja com ajuda da leitura de Vinícius, Bandeira e Drummond. Transformando sua determinação em belos textos poéticos, cheios de sensibilidade e coragem.
Quatro anos depois, Valéria continua na luta. Faz faculdade de jornalismo em Recife. Não esquece sua sofrida Manari. A vida melhorou um pouco por lá. A exposição na mídia como cidade mais pobre do País trouxe algum investimento. Nada que modificasse muito a situação. É isso que Valéria quer mostrar em um documentário que está dirigindo. Mas não só. Ela diz que seu lugar de nascimento tem muitas e belas histórias para contar.
Lá, de onde menos se deveria esperar, é que surgem as mais bonitas certezas. Entre elas, aquela que cantou Cazuza. “Pro dia nascer feliz” não se pode ter medo de viver “por um triz”.
Leia mais em http://www.cartacapital.com.br/cultura/manari-por-ela-mesma
Sobre o documentário de João Jardim: Pro dia nascer feliz, quando parece impossível
O documentário poderia levar o espectador mais sensível ao desespero. Mas, esse sentimento dá lugar à esperança que surge da grande capacidade de resistência dos jovens envolvidos. Entre eles, Valéria Fagundes, nascida no município pernambucano de Manari, o mais pobre do Brasil. A produção de Jardim mostra a talentosa jovem de 17 anos enfrentando a dura realidade sertaneja com ajuda da leitura de Vinícius, Bandeira e Drummond. Transformando sua determinação em belos textos poéticos, cheios de sensibilidade e coragem.
Quatro anos depois, Valéria continua na luta. Faz faculdade de jornalismo em Recife. Não esquece sua sofrida Manari. A vida melhorou um pouco por lá. A exposição na mídia como cidade mais pobre do País trouxe algum investimento. Nada que modificasse muito a situação. É isso que Valéria quer mostrar em um documentário que está dirigindo. Mas não só. Ela diz que seu lugar de nascimento tem muitas e belas histórias para contar.
Lá, de onde menos se deveria esperar, é que surgem as mais bonitas certezas. Entre elas, aquela que cantou Cazuza. “Pro dia nascer feliz” não se pode ter medo de viver “por um triz”.
Leia mais em http://www.cartacapital.com.br/cultura/manari-por-ela-mesma
Sobre o documentário de João Jardim: Pro dia nascer feliz, quando parece impossível
2 de dezembro de 2010
COP-16 reúne manda-chuvas desastrados
A Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) está em andamento no México. Os temas principais são o aquecimento global e problemas climáticos. Mas as pessoas comuns estão mais acostumadas com os boletins meteorológicos. Previsões diárias, famosas por sua grande margem de erro. De fato, a ciência do clima é tão complexa que inspirou a teoria do caos.
No entanto, os meteorologistas da imprensa falam do clima como se funcionasse em função da raça humana. Dizem “tempo instável”, “tempo bom”, “dia ruim”, etc. Instável, bom, ruim em relação ao quê e a quem? Chuvas, tempestades, raios, céu sem nuvens, são parte do sistema do planeta. Se causam aborrecimentos ou alegria para uma de suas espécies, pouco importa. Os fenômenos climáticos estavam por aí muito antes de nós. Devem continuar funcionando a seu jeito, depois que desaparecermos.
Ao mesmo tempo, é comum a utilização de imagens climáticas para descrever as incertezas da economia: "turbulências no mercado financeiro" ou "nuvens escuras no horizonte da economia". Quando se fala em crises econômicas, as previsões costumam ser tão inseguras quanto as dos boletins meteorológicos. Ora, crises econômicas são produto das relações humanas. Deveria estar a nosso alcance sua prevenção ou controle.
O fato é que os problemas que o clima nos causa estão diretamente relacionados à forma como a humanidade organiza sua produção no planeta. Talvez, o clima não seja caótico. O caos causado pelo capitalismo é que não combina com o meio em que vivemos.
Os dirigentes reunidos na COP-16 não vão resolver esse problema. Representam o capitalismo caótico. Falam em nome dos manda-chuvas mais desastrados da história humana.
Leia também:
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Crises econômicas, furacões e terremotos
No entanto, os meteorologistas da imprensa falam do clima como se funcionasse em função da raça humana. Dizem “tempo instável”, “tempo bom”, “dia ruim”, etc. Instável, bom, ruim em relação ao quê e a quem? Chuvas, tempestades, raios, céu sem nuvens, são parte do sistema do planeta. Se causam aborrecimentos ou alegria para uma de suas espécies, pouco importa. Os fenômenos climáticos estavam por aí muito antes de nós. Devem continuar funcionando a seu jeito, depois que desaparecermos.
Ao mesmo tempo, é comum a utilização de imagens climáticas para descrever as incertezas da economia: "turbulências no mercado financeiro" ou "nuvens escuras no horizonte da economia". Quando se fala em crises econômicas, as previsões costumam ser tão inseguras quanto as dos boletins meteorológicos. Ora, crises econômicas são produto das relações humanas. Deveria estar a nosso alcance sua prevenção ou controle.
O fato é que os problemas que o clima nos causa estão diretamente relacionados à forma como a humanidade organiza sua produção no planeta. Talvez, o clima não seja caótico. O caos causado pelo capitalismo é que não combina com o meio em que vivemos.
Os dirigentes reunidos na COP-16 não vão resolver esse problema. Representam o capitalismo caótico. Falam em nome dos manda-chuvas mais desastrados da história humana.
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1 de dezembro de 2010
China e Estados Unidos: uma encrenca só
Em Cancún, no México, está começando a Conferência da ONU sobre Mudança Climática. Novamente, não deve haver avanços no estabelecimento de metas para redução dos gases que provocam mudanças climáticas.
Um dos maiores obstáculos para um acordo é um impasse entre Estados Unidos e China. Esta última só admite reduzir sua emissão de poluentes se os americanos derem o exemplo. Os Estados Unidos dizem que até fariam sua parte, mas desconfiam da transparência dos dados chineses. Tudo isso é conversa fiada. Essa briga é só a ponta de uma encrenca muito maior.
A verdade é que o parque industrial da China é multinacional. O grosso dos lucros de sua enorme produção vai para grandes empresários do mundo todo. Magnatas que transferiram seus negócios para lá. Muitos deles, americanos. Ao mesmo tempo, as compras chinesas movem as economias de meio mundo. Por fim, boa parte dos papéis da enorme dívida americana está aplicada em negócios chineses.
Uma diminuição do ritmo de produção na China poderia paralisar o comércio mundial. Também reduziria a remessa de lucros para a já enfraquecida economia estadunidense. O governo americano seria levado a emprestar mais a seus empresários. Sua dívida chegaria a níveis próximos do calote. E o calote afetaria a economia chinesa.
Enquanto isso, os problemas ambientais se acumulam. A vida humana no planeta vai chegando a níveis insustentáveis. E apenas uns 120 milhões dos 6 bilhões de membros da família humana lucram algo com isso tudo. Enfim, uma encrenca em que só o capitalismo poderia nos meter. E da qual não tem como nos tirar.
Leia também:
O negócio da China é capitalista
O câncer capitalista à beira da metástase?
Um dos maiores obstáculos para um acordo é um impasse entre Estados Unidos e China. Esta última só admite reduzir sua emissão de poluentes se os americanos derem o exemplo. Os Estados Unidos dizem que até fariam sua parte, mas desconfiam da transparência dos dados chineses. Tudo isso é conversa fiada. Essa briga é só a ponta de uma encrenca muito maior.
A verdade é que o parque industrial da China é multinacional. O grosso dos lucros de sua enorme produção vai para grandes empresários do mundo todo. Magnatas que transferiram seus negócios para lá. Muitos deles, americanos. Ao mesmo tempo, as compras chinesas movem as economias de meio mundo. Por fim, boa parte dos papéis da enorme dívida americana está aplicada em negócios chineses.
Uma diminuição do ritmo de produção na China poderia paralisar o comércio mundial. Também reduziria a remessa de lucros para a já enfraquecida economia estadunidense. O governo americano seria levado a emprestar mais a seus empresários. Sua dívida chegaria a níveis próximos do calote. E o calote afetaria a economia chinesa.
Enquanto isso, os problemas ambientais se acumulam. A vida humana no planeta vai chegando a níveis insustentáveis. E apenas uns 120 milhões dos 6 bilhões de membros da família humana lucram algo com isso tudo. Enfim, uma encrenca em que só o capitalismo poderia nos meter. E da qual não tem como nos tirar.
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