Doses maiores

19 de outubro de 2010

EUA: a sangrenta alternativa civilizada

Mais um trecho do livro “Uma história do povo dos Estados Unidos”, de Howard Zinn.

Os primeiros colonizadores brancos da América do Norte não conseguiram forçar os índios a trabalhar para eles. Os nativos estavam em maior número e conheciam bem aquela terra desconhecida dos europeus. Mesmo com armas superiores, os invasores não se arriscavam a iniciar um massacre.

A situação causava irritação. Edmund Morgan descreve esse estado de ânimo em seu livro “Escravidão Americana, Liberdade Americana”:

Se você fosse um colono, consideraria sua tecnologia superior à dos índios. Teria a certeza de que você é o civilizado e eles, os selvagens ... Ainda assim, sua tecnologia superior se revelou incapaz de obter grande coisa. Já os índios, mantinham-se bem, rindo de seus métodos superiores, vivendo da terra com abundância e trabalhando menos que você... E quando o seu próprio povo começou a desertar para viver com eles, aí foi demais ... Você resolveu matar os índios, torturá-los, queimou suas aldeias, queimou suas plantações. Isto provou sua superioridade, apesar de tudo. E você fez o mesmo com qualquer um de seu próprio povo que se rendesse ao modo de vida dos selvagens. Mesmo assim, você continuou sem conseguir cultivar alimento suficiente...

A escravidão negra foi a resposta para este dilema dos invasores europeus. Esta era a alternativa civilizada diante da superioridade selvagem no trato com a natureza. Afinal, 50 anos antes de Colombo chegar por aqui, os portugueses já haviam levado dez escravos africanos para Lisboa. Era o começo de um negócio muito lucrativo. O início do capitalismo. Sua certidão de nascimento suja do sangue indígena e negro. Mancha que nunca cessou de aumentar.

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3 comentários:

  1. O que é dito nesta pílula, a respeito das tentativas escravistas nas treze colônias da América, se aplica, intensivamente, a apenas duas ou, no máximo, três colônias do sul, das treze originais. Nessas, a lógica da "plantation" foi a opção para produzir, devido ao perfil social e religioso dos colonizadores(por exemplo, em algumas colônias do sul a proporção de protestantes não-puritanos e até de católicos era maior que no norte. além do fato de que, no sul, a proporção de famílias completas entre os colonizadores era menor, havendo um número maior de homens sós, em busca do enriquecimento, fenômeno semelhante à colonização da América portuguesa e espanhola), devido a fatores climáticos da região, que favoreciam produtos de produção em larga escala para exportação, e outros fatores. Nessas condições, a demanda por mão de obra escrava era maior.
    Já nas outras colônias, mais para o norte, a prevalência da agricultura familiar de subsistência e as características dos produtos mais adequados à produção em terras de clima temperado, fez com que o escravismo tivesse importância menor na economia dessas colônias. Consequentemente, a presença escrava africana era predominante, além do sangue derramado por esta
    Não podemos descartar a existência de exceções minoritárias nas características do sul de norte.
    O derramamento de sangue pelos colonos do norte foi predominante na expansão sobre terras indígenas, em direção ao oeste.
    O cinema americano ajudou a criar a ideologia justificante ao, no século XX, colocar o índio como o fascínora selvagem contra os heróis colonos.

    Mauro.

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  2. Correção: A presença africana era predominante NO SUL.

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  3. Obrigado pela contribuição, Mauro.
    Abraço

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