Doses maiores

13 de setembro de 2015

O fracasso do reformismo não implica o fim da luta por reformas

Rosa Luxemburgo
A crise do reformismo que procura suavizar o neoliberalismo ou popularizar o capitalismo não deve levar ao abandono da luta por reformas. Rosa Luxemburgo inicia “Reforma ou Revolução?” discutindo exatamente o despropósito do título de seu livro.

Segundo ela, colocar as reformas e a revolução em lados opostos é uma das formas mais eficazes para abandonar a segunda e ficar apenas com as primeiras. Mas Rosa foi obrigada a fazer isso para mostrar aos revolucionários que sem uma relação dialética com as reformas, a revolução permanece um objetivo distante e irreal.

A mobilização por melhorias graduais é a principal porta de entrada para a luta revolucionária. Somente por ela, podem entrar grandes parcelas dos explorados e oprimidos. Pelas janelas estreitas da convicção ideológica ou do conhecimento teórico entram apenas alguns poucos e, raramente, oriundos da maioria explorada.

As lutas por reformas possibilitam a necessária transição entre o reino da ação pragmática e imediata e a formação de pessoas capazes de se descobrir na disputa de classes do lado dos que pretendem romper com a dominação capitalista e qualquer outra forma de sujeição social. Fora desse terreno, no contato direto com uma população massificada e alienada pela ordem dominante, a ação revolucionária não passa de pregação no deserto.

Há muitos caminhos que levam ao beco sem saída do reformismo, incluindo o sindicalismo burocratizado e o movimentismo despolitizado. Mas o principal atalho é a integração às arapucas estatais que a burguesia prepara para a cooptar lideranças e limitar o horizonte das lutas populares. Nas crises mais graves, essas armadilhas incluem o acesso a governos e a maiorias parlamentares.

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