Doses maiores

3 de fevereiro de 2017

Racismo e machismo na conquista espacial

“Estrelas além do tempo” é um filme sobre três cientistas negras trabalhando na Nasa, em 1961. Baseada em fatos reais, a trama mostra as dificuldades de Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson para fazer valer seu enorme talento num dos maiores centros mundiais de inteligência e inovação.

Os conflitos raciais são evidentes numa época em que ainda havia banheiros separados para negros e brancos. Mas a produção também mostra todo o machismo por trás das dificuldades que homens negros sentiam para aceitar mulheres trabalhando na condição de cientistas de ponta.

Engana-se, porém, quem acha que isso é coisa de filme de época.

Em 01/02, Phillippe Watanabe publicou na Folha “Meninas de 6 anos já não se acham inteligentes e desistem de atividades”. Segundo a reportagem, nessa faixa etária, meninas tendem a se considerar muito menos inteligentes que os meninos. É o que diz levantamento realizado com 400 crianças entre cinco e sete anos, publicado na última edição da revista "Science". 

Outros estudos chegaram a resultados parecidos. Mas uma pesquisa publicada na revista "Child Development", em 2011, também descobriu que crianças entre seis e dez anos associavam matemática a homens. Por trás dessa conclusão, a ideia de que somente nas ciências exatas a genialidade humana pode se manifestar em seu mais alto grau.

O racismo e o machismo da NASA mostrados pelo filme provam o contrário. É perfeitamente possível que homens capazes de pisar na Lua carreguem na alma os valores morais de um troglodita. E o “grande passo” atribuído à humanidade vale muito pouco quando enormes parcelas dela continuam a ter sua dignidade pisoteada.

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