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19 de outubro de 2017

Revolução bolchevique: gradual e pela base

No início de seu livro “Os bolcheviques no poder”, Alexander Rabinowitch, lembra que suas obras anteriores, “Prelúdio da revolução” e “Os bolcheviques chegam ao poder”:

...desafiaram as noções ocidentais predominantes sobre a Revolução de Outubro como um golpe militar cometido por um pequeno grupo de fanáticos revolucionários liderado brilhantemente por Lênin. Descobriram que, em 1917, o partido bolchevique em Petrogrado transformou-se em um partido político de massa e que, ao invés de ser um movimento monolítico marchando firme atrás de Lênin, tinha uma liderança dividida em alas de direita, esquerda, centro e moderada, cada uma das quais ajudando a moldar estratégias e táticas revolucionárias. Também revelaram que o sucesso do partido na luta pelo poder após a derrubada do tzar em fevereiro de 1917 devia-se, de forma muito importante, a sua flexibilidade organizacional, abertura e capacidade de resposta às aspirações populares, bem como a sua extensa rede de conexões junto a operários, soldados da guarnição de Petrogrado e marinheiros da Frota do Báltico. A Revolução de Outubro em Petrogrado foi menos uma operação militar do que um processo gradual enraizado na cultura política popular, baseado no desencanto generalizado com os resultados da Revolução de Fevereiro e, nesse contexto, na atração magnética exercida pelas promessas dos bolcheviques de paz, pão e terra para o campesinato e democracia de base exercida através de sovietes multipartidários.

Mas se é assim, pergunta Rabinowitch, como explicar a rápida transformação de todos estes elementos em seu contrário, em tão poucos anos? 

É esta questão que “Os bolcheviques no poder” pretende ajudar a responder. Voltaremos a ele.

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