Em 2005, Mike Davis
lançou o livro “O Monstro bate à nossa porta”, alertando para a ameaça de uma
pandemia global de gripe aviária. Felizmente, a previsão não se confirmou.
Mas as condições denunciadas
por ele para que surgisse uma doença viral capaz de se generalizar persistiram e
muito possivelmente pioraram. Tudo indica que é o que presenciamos agora.
Um trecho de um artigo que Davis publicou em 2009, dá uma pista sobre uma das mais prováveis causas da atual
pandemia.
...a
criação animal nas últimas décadas tem se transformado em algo que mais parece a
indústria petroquímica do que a tradicional fazenda familiar retratada em livros
didáticos.
Em
1965, por exemplo, havia 53 milhões de porcos em mais de 1 milhão de fazendas americanas.
Hoje, a criação de 65 milhões de suínos está concentrada em 65 mil instalações -
metade com mais de 5 mil animais.
Essencialmente,
houve uma transição entre os velhos chiqueiros para enormes criadouros
produzindo vasta quantidade de excrementos, com dezenas e até centenas de milhares
de animais com sistemas imunes enfraquecidos, sufocando no calor e no estrume, enquanto
trocam doenças entre si a uma velocidade absurda.
A
Smithfield Foods, por exemplo, tem duas filiais nos Estados Unidos que criam anualmente
mais de 1 milhão de suínos cada, gerando centenas de substâncias tóxicas em lagoas
cheias de merda. Qualquer um que presenciar esse tipo de produção pode compreender
intuitivamente o quão profundamente o agronegócio tem mexido com as leis da natureza.
Ainda que a origem do
coronavírus-19 não esteja esclarecida, certamente o agronegócio tem grande participação
nessa merda toda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário