Doses maiores

29 de novembro de 2023

A sabotagem como economia política dos trabalhadores

A guerra de guerrilhas desperta a coragem dos indivíduos, desenvolve sua iniciativa, ousadia, determinação e audácia. A sabotagem é para as lutas sociais aquilo que as guerrilhas são para as guerras nacionais. Se conseguir apenas despertar uma parte dos trabalhadores de sua letargia, já se justifica como tática. Mas pode fazer mais. Pode manter os trabalhadores conscientes e os levar a lutar contra os patrões. Isso trará mais ânimo àquela minoria militante que carrega a maior parte do peso das lutas.

As palavras acima são de Walker C. Smith, dirigente da organização sindical estadunidense Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW, na sigla em inglês). Ele as escreveu em 1913, no livro “Sabotagem: sua história, filosofia e função”, sem tradução para o português.

O trecho foi citado por Gavin Mueller, em seu livro “Breaking Things at Work”, sobre as práticas de resistência dos trabalhadores à tecnologia capitalista ao longo da história.

Outra militante da IWW citada por Mueller é Elizabeth Gurley Flynn, que no livro “Sabotage”, de 1916, define
esse tipo de resistência como qualquer esforço dos trabalhadores “para limitar sua produção proporcionalmente a sua remuneração”.

A análise de Elizabeth sobre 
a sabotagem foi eminentemente marxista, afirma Mueller. Em vez de ditar a estratégia de cima para baixo, ela defende que é preciso observar o que os trabalhadores estão fazendo, tentando compreender porque é que o fazem. “Não diga a eles se está certo ou errado, mas analise as condições que os levaram a agir como agiram”, disse ela.

Ou seja, sabotagem é a economia política como ferramenta forjada pelos próprios trabalhadores na luta contra sua exploração.

Leia também: O ludismo quebrando as armas do inimigo

Um comentário: