Doses maiores

3 de novembro de 2023

Longa vida às mortes renovadoras das lutas populares!

Uma das mais famosas comemorações de Finados do mundo acontece no México, com seus desfiles e cortejos cheios de cores e música. De origem indígena, é uma forma festiva de homenagear os mortos e momento em que eles são autorizados a visitar os parentes vivos.

Foi nesse lugar, capaz de retirar energia do mais definitivo acontecimento humano, que surgiu a resistência popular inspirada na luta do herói Emiliano Zapata, espectral comandante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).

Pois a liderança mais conhecida do EZLN acaba de anunciar sua segunda morte. Trata-se do subcomandante Marcos, que já havia se declarado morto em 2014, passando suas atribuições para Moisés, subcomandante da etnia indígena Tojolabal.

Logo em seguida, porém, o falecido ressuscitou como Galeano, nome escolhido em homenagem ao zapatista José Luis Solís Galeano, assassinado pouco antes. Mais recentemente, em 22/10/2023, foi a vez de Galeano também anunciar sua morte.

Marcos nasceu sob o nome de Rafael Sebastián Guillén Vicente, em 1957, mas viria a morrer nos anos 1990 para dar à luz o subcomandante que liderou a luta de Chiapas por mais de duas décadas.

Sua mais recente morte simbólica deve ser festejada como sinal de que muitas outras virão para renovar a resistência popular com a energia dos que tombaram em sua defesa.

São mortos em permanente visita a seus companheiros encarnados, para homenagens, aconselhamento e fortalecimento das lutas das quais participam. Reforços que são mais do que nunca necessários, num momento em que forças tenebrosas sacrificam milhões de vidas no altar sujo do capitalismo global.

Longa vida às mortes simbólicas e renovadoras das lutas populares!

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2 comentários:

  1. Boa, Sergio, li outro dia sobre essas mortes do comandante, mas não tinha entendido muito bem. Sobre essas mortes pensei na frase famosa: o rei está morto, viva o novo rei. Achei que não caberia porque o comandante nunca foi ou quis ser rei, mas pela morte e renascimento vale. A morte dele é um simbolismo para não propagar o personalismo?

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    1. Imagino que sim. A figura dele é muito carismática. Precisa ter sua visibilidade ofuscada mesmo.

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