Doses maiores

28 de junho de 2010

A Bíblia, o aborto, a homossexualidade

A revista Época desta semana traz uma entrevista com o Pastor Sóstenes Apolos da Silva, líder religioso da candidata do PV, Marina Silva. Quanto ao direito ao aborto, o pastor disse que o estatuto do PV libera seus membros para votar segundo sua consciência.

Ora, é exatamente disso que se trata. Legalizar o aborto significa deixar às consciências dos envolvidos (principalmente, as mulheres) a opção por fazê-lo ou não. Com a vantagem de que para as mais pobres, a interrupção da gravidez poderia ser feita de modo mais digno e seguro.

O pastor também afirma que a Bíblia considera a homossexualidade uma “prática abominável”. E cobra coerência: “Ou cremos na Bíblia ou não cremos.”

A resposta do pastor lembra uma mensagem que ficou famosa na internete há alguns anos. O ouvinte de um programa religioso de rádio questiona a citação dos “textos sagrados” para condenar a homossexualidade. Segundo Levíticos 25:44, diz o ouvinte, a posse de escravos é possível desde que sejam comprados de nações vizinhas. Êxodo 21:7 autoriza a venda de filhas como escravas. Ainda segundo Êxodo 35:2, aqueles que trabalham aos sábados estão sujeitos à pena de morte.

Assim, ao pastor deveria ser lembrado que a Bíblia não deve ser utilizada como um manual de conduta. Ainda menos, para quem não crê na santidade de seus preceitos. Vários de nós têm todo o direito de dizer “não cremos nela”. Mas muitos outros têm o mesmo direito de afirmar “não cremos nela do mesmo modo”.

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