Em novembro de 2013, o filósofo Giorgio
Agamben deu uma interessante palestra em Atenas, que recebeu o nome “Por uma
Teoria do Poder Destituinte”.Entre outros temas, Agamben falou
sobre como a modernidade concentra-se nos efeitos e não nas causas dos
fenômenos sociais. Segundo ele, esta regra vale para todos os domínios: “da
economia à ecologia, das políticas externas e militares às medidas internas de
polícia”.
Faz sentido. Se sofremos com problemas ambientais a solução não é mudar a matriz energética do planeta. É usar tecnologias caras, complexas, perigosas e dominadas por alguns monopólios gigantes.
Se
o trânsito nas grandes cidades não anda, nada de investir em transporte
coletivo. Construam-se mais pontes e viadutos, abram-se mais ruas e novas
faixas nas avenidas.
Na
saúde pública, medidas de prevenção ficam em segundo plano. Bem à frente, vêm
as caras e lucrativas tecnologias e substâncias para cuidar das doenças.
A
desigualdade social deve ser assumida como natural. No lugar de combatê-la, é
preciso construir mais prisões, aprovar leis mais severas, dar liberdade à polícia
para agir como bem entender.
Para
lidar com a crise econômica, mais dinheiro na economia. Recursos que são investidos
em aventuras especulativas semelhantes às que causaram a crise econômica.
O
principal motor dessa inversão maluca é a busca por lucro. Objetivo cego que
pode inviabilizar de vez o metabolismo que nossa espécie mal consegue manter com
o planeta e consigo mesma.
Em
algum momento, os efeitos podem perder essa corrida para as causas. A
humanidade não é grande demais para quebrar. E ainda que possam restar alguns
de seus exemplares, não serão os melhores.
Acesse a palestra de Agamben,
aqui
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