“Relações de Sangue: a menstruação e as origens da cultura” é o título do livro
que o antropólogo marxista Chris Knight lançou em 1991.
Basicamente, a obra argumenta que a raça humana surgiu graças a uma revolta de antigas
fêmeas da espécie hominídea. Em algum momento, elas resolveram que não fariam
mais sexo com seus parceiros, caso eles não se comprometessem a ajudar no
sustento de suas crias.
Para manter a unidade dessa espécie de greve de sexo, elas teriam sincronizado
seus períodos menstruais. Algo que acontece frequentemente entre as mulheres. Como a
fêmea humana não apresenta sinais exteriores de seus períodos férteis, passaram
a administrar sua vida sexual à revelia dos machos.
Com isso, subverteram as leis naturais da reprodução sexual. Os comportamentos comunitários
teriam começado a ser regulados com base na união e solidariedade da autoridade
feminina. Nascia a cultura e com ela a humanidade.
Mas chegaria a hora em que a soberania feminina cairia por terra. Este momento
faria parte das transformações que levaram ao surgimento da sociedade de
classes, com todas as mazelas que trouxe para a história humana desde então.
A tese é polêmica não apenas por razões puramente teóricas. Sua mera existência
basta para fazer os machistas, incluindo muitos cientistas, espumarem de raiva.
Correta ou não, a hipótese de Knight encontra apoio na poesia de algumas
mulheres tão geniais como sensíveis.
É o caso de Elisa Lucinda, que começa seu poema “Aviso da Lua que menstrua” recomendando:
“Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...”. É verdade. Elas ainda
podem voltar a nos salvar de nós mesmos.
Leia o poema, aqui
Leia também: Não há revolução sem a rebeldia feminina
Gostei. Só a polêmica já vale.
ResponderExcluir