“Tome
o poder, seu filho da puta, quando ele é oferecido a você!". Esta frase
foi dita por um marinheiro russo a um dirigente do soviete de Petrogrado, em
julho de 1917.
No mesmo período, dirigentes
do soviete de Petrogrado foram cercados por uma multidão raivosa. Tropas leais
ao governo provisório apareceram para salvá-los. Salvá-los de quê? De que fossem
obrigados a tomar o poder!
Essas
situações mostram toda a confusão daquele momento do processo revolucionário. Dizem
respeito a um fenômeno político que Lênin explicou em um artigo publicado alguns meses antes:
“Uma particularidade extremamente notável da nossa revolução consiste em que
ela gerou uma dualidade de poderes”.
Segundo o texto, essa
dualidade opunha de um lado o Governo Provisório, “da burguesia” e, de outro, um
“governo, ainda fraco, embrionário, mas indubitavelmente existente de fato e em
desenvolvimento: os sovietes de deputados operários e soldados”.
O que Lênin e os
bolcheviques defendiam era basicamente a transferência do poder do primeiro
para o segundo governo.
O problema é que a esquerda
moderada era maioria dentro dos sovietes. E insistia em respeitar o governo provisório,
apesar de seus membros se recusarem a cumprir as tarefas exigidas pela Revolução
de Fevereiro. Especialmente, a saída da Rússia da Primeira Guerra e a reforma
agrária.
Nessa confusão toda,
era preciso defender o lema “Todo o poder aos sovietes”, mas também obter uma
maioria revolucionária no interior deles. Manter o fogo revolucionário aceso nas
cidades, mas garantir o apoio do campo no imenso império russo.
E ainda há quem diga que
a Revolução de Outubro não passou de um golpe palaciano.
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