Em seu livro
“Reconstruindo Lênin”, Tamás Krausz mostra a situação extremamente contraditória
em que se encontrava o Estado soviético alguns anos após sua criação.
Uma confusão tão grande
que levou Lênin a cometer alguns malabarismos teóricos para apontar rumos para sua superação.
Em janeiro de 1921, por
exemplo, ele escreveu o artigo “A
crise do partido”, descrevendo o Estado soviético desse modo:
O Estado operário é uma abstração. De fato nós temos um Estado
operário, 1º, com a particularidade de que não é a população operária mas a
população camponesa que predomina no país; e 2º, um Estado operário com uma
deformação burocrática.
Anteriormente, em “Os
sindicatos, a atual situação e os erros de Trotsky”, de 1920, Lênin já havia
afirmado:
...num estado que se formou em tais condições concretas, os
sindicatos nada têm a defender? Pode-se dispensá-los da defesa dos interesses
materiais e morais do proletariado organizado? Seria um raciocínio
completamente falso, do ponto de vista teórico. Um raciocínio que nos levaria
ao domínio da abstração ou do ideal que atingiremos daqui a quinze ou vinte anos,
sendo que, além do mais, não estou seguro de que o atingiremos nesse prazo (...).
Nossa situação é tal, que o proletariado deve utilizar suas organizações para
defender-se contra seu próprio estado, ao mesmo tempo em que o defende.
Em outras palavras, diz
Tamás, os trabalhadores devem confrontar o estado, mas, ao mesmo tempo, defendê-lo juntamente com todas as
suas instituições. Não há uma solução dialética para tal
contradição.
Quando nem toda a capacidade
dialética de um Lênin basta, difícil não esperar pelo pior.
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