Doses maiores

23 de setembro de 2022

O grande capital não tem o que reclamar de Bolsonaro

É costume atribuir o golpe de 2016 e a eleição de Bolsonaro ao desconforto das elites com a melhoria da situação dos mais pobres. Ressentimento resumido na frase “esses aeroportos estão parecendo rodoviárias”. Mas quem realmente manda na economia do País jamais pisou em uma rodoviária.

Precisamos de mais economia política e menos anedotas. É o que procura fazer, por exemplo, Eduardo Costa Pinto em seu programa “Diário da Crise”, disponível na internete. Em episódio recente, ele analisa “os lucros da mega burguesia brasileira nos últimos anos”.

Professor do Instituto de Economia da UFRJ, Costa Pinto apresenta as taxas de lucro das 230 maiores empresas privadas registradas na Bolsa. Em números que incluem os bancos, a taxa de lucro dessas empresas caiu de 17% em 2010 para 4% em 2015.

No ano seguinte, vieram o golpe do impeachment, a reforma trabalhista e outras medidas dos governos Temer e Bolsonaro que fizeram despencar a renda dos trabalhadores. Resultado, os lucros subiram de 9% para 24% entre 2016 e 2021.

Mas se forem retirados os bancos da conta, a lucratividade das empresas despencou ainda mais. Caiu de 18%, em 2010, para -2%, em 2015. Depois do golpe, voltaram a disparar, indo de 7% para 27%, de 2016 a 2021.

Portanto, se valesse a vontade desses setores, Bolsonaro já estaria com a reeleição garantida. Mas como somos um dos países mais injustos do mundo, infelizmente para eles, os grandes capitalistas são uma pequena minoria.

Dito isso, que fique claro. O grande capital não quer abrir mão das grandes taxas de lucro que conquistou. Nós que lutemos. Literalmente.

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