Doses maiores

2 de outubro de 2020

Estados Unidos x China: como ignorar 1,4 bilhão de consumidores

Em seu livro “A China venceu?,” Kishore Mahbubani mostra a situação contraditória da rivalidade comercial sino-americana.

A venda de aviões da Boeing para a China, por exemplo, subiu de US$ 1,2 bilhão, em 1993, para US$ 11,9 bilhões, em 2017. Já a GM vendeu aos chineses, em fevereiro de 2017, mais automóveis do que na época em que era a maior montadora do mundo.

Mas quando Donald Trump lançou uma guerra comercial contra a China, em 2015, nem Boeing nem GM se opuseram.

A principal queixa do governo estadunidense era que a China se tornou integrante da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2003, na condição de país em desenvolvimento. Na época, sua renda per capita era de US$ 2.900, semelhante à do Paquistão e Iêmen.

Em 2015, porém, a renda per capita chinesa havia aumentado para US$ 14.400 e sua economia tornara-se a segunda maior do mundo. Apesar disso, os chineses continuavam alegando necessitar das regras especiais da OMC para países em desenvolvimento.

Com isso, dizia Trump, as empresas chinesas desfrutariam de melhores condições para competir fora da China do que as oferecidas pelos chineses a empresas estrangeiras em seu país.

É nesse cenário que as propostas de Trump ganharam força. Ele quer que as grandes empresas americanas desloquem seus investimentos da China para outros lugares ou os levem de volta aos Estados Unidos.

O problema, lembra Mahbubani, é ignorar um mercado com 1,4 bilhão de consumidores. O maior de toda a história humana.

Este é só um exemplo das enormes contradições que opõem esses dois gigantes, mas também os mantêm amarrados um ao outro.

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