Doses maiores

5 de outubro de 2020

Estados Unidos x China: mandarinatos esclerosados

Mais alguns destaques retirados do livro “A China venceu?, de Kishore Mahbubani. 

Os mandarins da dinastia Qing, senhores da China do século 19, não perceberam que a ascensão ocidental significava que a China precisava mudar de rumo. Resultado, o poderoso império de 18 séculos começou a ruir.

Hoje, é o império estadunidense que precisaria mudar de rumo para fazer frente ao forte crescimento do lado oriental do planeta. Mas dificilmente seus “mandarins” conseguirão fazer isso.

Geralmente, diz Mahbubani, governos eleitos democraticamente são mais flexíveis e adaptáveis do que sistemas políticos considerados rígidos e esclerosados, como o da China contemporânea.

O problema, alerta o autor, é que sob o disfarce de uma democracia em funcionamento, a sociedade estadunidense passou a ser dirigida por uma aristocracia endinheirada.

Mahbubani atribui essa situação principalmente a uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos tomada em 2010, que derrubou muitas das restrições legais ao uso do dinheiro para influenciar o processo político.

Desse modo, diz o autor, as decisões do sistema político estadunidense já não seriam determinadas pelos eleitores, mas pelos financiadores de campanhas eleitorais.

Na verdade, essa situação política é muito anterior a 2010. Mas, de qualquer maneira, Mahbubani parece acertar ao dizer que o sistema de dominação estadunidense está se tornando tão rígido quanto a antiga dinastia Qing.

E não só do ponto de vista político. A “América” há muito tempo também deixou de ser capaz de sustentar a ilusão de que é a terra das oportunidades para todos.

Na próxima pílula, mais sobre essa rigidez quase cadavérica dos Estados Unidos. E sobre possíveis problemas políticos para os chineses também.

Leia também: Estados Unidos x China: como ignorar 1,4 bilhão de consumidores

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