Em recente artigo sobre Junho de 2013, Vladimir Safatle discute a hipótese de que “a característica política mais relevante do século 21 foi uma impressionante sequência de insurreições populares de luta contra o capital e de recuperação paulatina da soberania das massas espoliadas”.
O autor cita eclosões populares como aquelas ocorridas desde 2010, com Occupy Wall Street, Primavera Árabe, manifestações em Madri e Istambul, o próprio Junho de 2013, os Coletes Amarelos na França, até chegar às grandes marchas de 2019, em Santiago do Chile.
Mas há até quem identifique o início desse processo nos protestos de Seattle, em 1999, e lembre também as manifestações contra a Guerra do Iraque, em 2003.
Neste exato momento, chama a atenção do mundo uma grande revolta que vem ocorrendo nos subúrbios de Paris.
Tudo isso faz pensar na metáfora da toupeira, muito utilizada por Marx. Tal como aquele animal, dizia ele, o processo revolucionário ocorreria nos subterrâneos da sociedade e irromperia do solo nos lugares e momentos mais inesperados.
Além disso, o bicho também representaria a militância cotidiana. Persistente, pouco gloriosa e voltada para a união das forças que lutam contra a exploração e a opressão a partir de baixo.
Ao mesmo tempo, a toupeira é nossa melhor aposta contra o fascismo. Enquanto ela abre seus caminhos sob a terra, aproveita para destruir os ninhos de ovos de serpente que encontra pela frente.
Águias, falcões e gaviões são bonitos e impressionantes. Mas costumam simbolizar a rapina das classes dominantes e voam distantes dos perigos que ameaçam a maioria cá embaixo. Sem falar que também botam uns ovos muitos suspeitos.
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