Doses maiores

24 de outubro de 2011

Um cadáver que fede a imperialismo

O tratamento dispensado a Kadafi foi cruel. Não necessariamente desumano. Afinal, tanto ele como seus carrascos cometeram barbaridades bem típicas de nossa espécie. Por outro lado, entre as mais belas conquistas humanas está o respeito à dignidade dos que parecem não possuí-la.

Mais justo seria prender Kadafi com vida. Justo e pouco conveniente. Em um julgamento, ele poderia apontar seus cúmplices. Entre eles, o serviço de inteligência estadunidense. Pouco antes do início das revoltas populares, a CIA vinha ajudando Kadafi na perseguição a seus opositores.

Por enquanto, o imperialismo saiu ganhando. Alertado pelos acontecimentos na Tunísia e Egito, apressou-se a intervir na Líbia. Traiu seu mais recente aliado na região. Mas se isso não tira o sono de Obama, que dirá de seus generais. Ao mesmo tempo, a execução covarde de Kadafi certamente gelou a espinha de outros ditadores da região.

De qualquer maneira, nada está definido. É possível que a onda de revoltas continue a se espalhar para muito além de África e Oriente Médio. Ela inspirou a indignação que tomou conta de cidades européias e americanas. Os alvos políticos são bem diferentes. Mas começam a enxergar no capitalismo o inimigo maior.

A “Primavera Árabe” chegou perfumada pelas promessas de liberdade. Agora, o imperialismo tenta nos sufocar com seu fedor. Só a rebeldia popular pode trazer ar puro.

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