Em
maio passado, a revista Veja destacou que a “música gospel”
movimenta um mercado anual de R$ 1,5 bilhão. Logo depois, edição
da IstoÉ abordou a vida de cantores e cantoras que chegaram à fama
graças à música religiosa.
É
conhecido o fato de que a música gospel é o único filão que
cresce na indústria fonográfica. Algo que contrasta com a profunda
crise que o setor vive.
Tais
fenômenos podem ser parcialmente explicados por uma frase famosa de
Marx. Ela está no Manifesto Comunista e diz que diante na sociedade
capitalista "tudo
o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado...".
Weber
também se refere ao “desencantamento do mundo”. Um fenômeno
social que caracterizaria a rendição da religião à racionalidade
capitalista. É o sagrado servindo aos mecanismos de
mercado. Mas não é tão simples.
Há
quem explique boa parte do sucesso do segmento gospel pela baixa
incidência de pirataria. Os fiéis se recusariam a comprar cópias
ilegais para não prejudicar suas igrejas. Trata-se de uma
resistência pouco coerente com o reinante pragmatismo econômico.
Ela
mostra que ainda há reservas éticas que escapam à lógica
mercantil. O problema é que estão sendo aproveitadas por
instituições a serviço da ordem dominante. Cabe a nós descobrir
como mobilizá-las contra ela.
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