Doses maiores

12 de junho de 2012

Mercado gospel e resistência ética

Reportagem de Mônica Bergamo na Folha de 10/06 fala sobre o padre Reginaldo Manzotti. O sacerdote é cantor e “já vendeu mais de 800 mil cópias de sete CDs e dois DVDs”. Segue o exemplo dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo, diz a matéria.

Em maio passado, a revista Veja destacou que a “música gospel” movimenta um mercado anual de R$ 1,5 bilhão. Logo depois, edição da IstoÉ abordou a vida de cantores e cantoras que chegaram à fama graças à música religiosa.

É conhecido o fato de que a música gospel é o único filão que cresce na indústria fonográfica. Algo que contrasta com a profunda crise que o setor vive.

Tais fenômenos podem ser parcialmente explicados por uma frase famosa de Marx. Ela está no Manifesto Comunista e diz que diante na sociedade capitalista "tudo o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado...".

Weber também se refere ao “desencantamento do mundo”. Um fenômeno social que caracterizaria a rendição da religião à racionalidade capitalista. É o sagrado servindo aos mecanismos de mercado. Mas não é tão simples.

Há quem explique boa parte do sucesso do segmento gospel pela baixa incidência de pirataria. Os fiéis se recusariam a comprar cópias ilegais para não prejudicar suas igrejas. Trata-se de uma resistência pouco coerente com o reinante pragmatismo econômico.

Ela mostra que ainda há reservas éticas que escapam à lógica mercantil. O problema é que estão sendo aproveitadas por instituições a serviço da ordem dominante. Cabe a nós descobrir como mobilizá-las contra ela.

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