Doses maiores

20 de junho de 2012

Pesquisas justificam aliança Lula-Maluf

Há 12 anos éramos rivais e hoje somos aliados. O Brasil mudou. Mudou o eleitorado e mudaram os partidos que resolveram apoiar nosso projeto nacional, como é o caso do PP.

Com estas palavras, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, justificou a aliança com Maluf para as eleições municipais paulistanas.

Elogios à violência policial, pena de morte, ofensas a grevistas, ódio aos “vagabundos e baderneiros do PT”. Estes eram os principais motes das campanhas eleitorais de Maluf até o final dos anos 90. Suas vitórias eleitorais mostram que eles encontravam grande acolhimento na sociedade.

A militância petista e da esquerda em geral foi construindo a duras penas a resistência a todo esse conservadorismo. Mas parte dessa militância começou a se adaptar à ordem dominante. O objetivo era conquistar o poder político institucional a qualquer custo. Funcionou.

Depois de 10 anos no governo, o PT mudou muito. Já o Brasil...

Quase metade dos brasileiros apoia tortura para obter provas. Esta é a conclusão de pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência, da USP, divulgada no início de junho. Em 13/04, Diego Viana publicou a matéria “Ao centro, os conservadores” no Valor. Segundo o texto:

Enquetes de institutos como Datafolha e Vox Populi revelam uma recusa à legalização das drogas que chega a 87%, rejeição do aborto variando entre 71% e 82% e apoio à pena de morte acima de 50%.

Esses valores foram reafirmados em pesquisa encomendada ao instituto GPP pelo partido Democratas (DEM). O casamento de pessoas do mesmo sexo recebeu o apoio de 41,6% dos opinantes (eram 36,5% em 2007), com rejeição de 51,2% (56,8% em 2007). A legalização do aborto levou um não de 77,2% das pessoas, ainda mais do que em 2007, quando eram 73,3%.

É esta situação que tornou possível a aliança entre Lula e Maluf. A grande maioria da população não vai estranhar muito. Afinal, é como disse Falcão. O acordo faz parte do "projeto nacional" do PT. E este se rendeu ao conservadorismo secular da sociedade brasileira.

Leia também: “Nova classe C” tende a ser conservadora, diz petista

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