Doses maiores

25 de novembro de 2014

A guinada à direita de Dilma vem de longa data


O histórico de Joaquim Levy não deixa dúvida sobre o seu conservadorismo, posto em prática evidente ao menos desde que foi secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento no governo Fernando Henrique. Conservadorismo confirmado no governo Lula, quando foi um dos inspiradores da política econômica que consagrou Antonio Palocci nos setores do domínio financeiro. E conservadorismo consolidado como secretário do Tesouro, quando Levy foi o ponto de resistência a gastos e outras medidas de linha social pretendidas no governo Lula.

A ficha corrida acima pertence ao mais novo indicado pelo governo Dilma para assumir o Ministério da Fazenda. Foi publicada por Janio de Freitas, em 23/11, na Folha. A ela deveríamos juntar outro prontuário. O de Kátia Abreu, provável ocupante da pasta da Agricultura. Mas a trajetória da representante maior do agronegócio nacional dispensa apresentações.

Apesar disso, o principal motivo para recusar o voto tanto a Dilma como aos tucanos no último turno eleitoral não dizia respeito a medidas como essas. Pela quarta vez, os petistas voltam a se eleger na condição de representantes das forças de esquerda para governarem atendendo aos interesses da direita. Não há novidade alguma aqui.

Muito mais grave que nomeações ministeriais conservadoras foi o decidido e firme reforço do governo federal aos instrumentos repressivos estatais como reação às manifestações de junho de 2013. Incluindo prisões ilegais de militantes políticos e manifestantes em geral. E é este aparato que será colocado em funcionamento caso as medidas adotadas pelo governo reeleito despertem a resistência popular.

A verdadeira guinada à direita do governo Dilma aconteceu muito antes de sua reeleição.

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