Em 1932, Leon Trótsky
deu uma palestra sobre a Revolução Russa, na Dinamarca. Um trecho chama a
atenção por sua aparente distância em relação ao tema da exposição:
A
técnica libertou o homem da tirania dos velhos elementos – a terra, a água, o
fogo, o ar – para submetê-los em seguida à sua própria tirania. A atual crise
mundial comprova de maneira particularmente trágica como este dominador altivo
e audaz da natureza permanece escravo dos poderes cegos de sua própria
economia. A tarefa histórica de nossa época consiste em substituir o jogo
anárquico do mercado por um plano nacional, e disciplinar as forças de
produção, em obrigá-las a operar em harmonia, servindo docilmente às
necessidades do homem. Somente sobre esta base social o homem poderá repousar
suas costas fatigadas. Não os eleitos, mas todos e todas, tornando-se cidadãos
com plenos poderes do domínio do pensamento. No entanto, ainda não é esta a
meta do caminho. Não. Isto não é mais que o princípio. O homem se considera o
coroamento da criação. Tem para isso, sim, certos direitos. Mas quem se atreve
a afirmar que o homem atual seja o último representante, o mais elevado da
espécie homo sapiens? Ninguém. Tanto fisicamente quanto espiritualmente, está
muito longe da perfeição este aborto biológico, do pensamento enfermo e que não
criou nenhum novo equilíbrio orgânico.
A passagem demonstra a dimensão histórica que a Revolução Russa atribuía a suas tarefas. Tratava-se de salvar a raça humana. Não apenas este ou aquele povo ou classe social. Um objetivo logo postergado e que, um século depois, parece cada vez mais distante.
Leia a íntegra da palestra, aqui
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