Segundo a jornalista, Silva especula
se seria possível que à mais-valia produzida na “oficina material capitalista” correspondesse
uma mais-valia produzida na “oficina de produção espiritual, subjetiva”. Um excedente
que “serviria para fortalecer e enriquecer o capital ideológico do capitalismo,
que por sua vez tem como objetivo proteger e preservar o capital material”.
Para Ludovico, diz Elaine:
...os meios de comunicação de massa,
com mais força a televisão, seriam o espaço da mais completa expressão dessa
mais-valia que se produz na mente do ser que está exposto ao bombardeio
sistemático dos meios. O capitalismo precisava de um instrumento para
justificar-se perante os homens, e os meios massivos de comunicação vieram bem
a calhar, pela sua capacidade de penetração. Segundo ele, a televisão é verdadeiramente
uma extensão do mundo material do trabalho, e um homem ou uma mulher, sentados
diante da telinha, seguem absolutamente conectados ao processo produtivo. Seja
no intervalo das propagandas, que nada mais são do que a ideologia agindo de
maneira voraz, ou nos programas de entretenimento, novelas e de notícias. Tudo
está eivado de ideologia.
O livro em que Elaine baseia seus
comentários é “A mais-valia ideológica”, de 1977. Não é preciso concordar com a
polêmica tese Ludovico para perceber que, quarenta anos depois, homens e
mulheres já não ficam mais apenas sentados “diante da telinha”. É ela que nos
acompanha em quase todos os lugares. E a aparente variedade dos atuais dispositivos
só aumenta sua eficácia como reprodutores dos valores da ideologia dominante.
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