Em um trecho sobre o aspecto militar das insurreições populares, Engels afirma:
Em 1848 havia a espingarda de percussão; hoje existe a espingarda de repetição de reduzido calibre que alcança quatro vezes mais longe, é dez vezes mais precisa e dez vezes mais rápida do que aquela. Antes havia os projéteis esféricos maciços e as balas de artilharia de efeito relativamente fraco; hoje espoletas de percussão das quais uma basta para fazer voar em pedaços a melhor das barricadas. Antes havia a picareta dos sapadores para deitar abaixo as paredes; hoje os cartuchos de dinamite.
“Do lado dos insurretos pioraram todas as condições”, dizia Engels. Pronto. Foi o suficiente para que essas afirmações fossem utilizadas para justificar a necessidade de substituir os métodos de luta mais radicais por batalhas parlamentares.
Tudo começou quando Richard Fischer, líder do partido alemão e responsável pelas publicações do partido, pediu a Engels para atenuar o tom do texto. A preocupação de Fischer era com as recentes leis de repressão impostas por Bismarck. Engels concordou.
Mas a versão finalmente publicada sofreu outros cortes feitos à revelia do autor. Mutilada desse modo, a introdução tornou-se uma defesa da “legalidade a qualquer preço”, como escreveu Engels, muito descontente, em carta ao editor.
Na próxima pílula, veremos como terminou essa novela. Se é que terminou.
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Nossa, eu pensaria algo muito diferente lendo esse trecho. Simplesmente que o poder militar da burguesia aumentou muito. Seja das espingardas e canhões contra flechas, ou das metralhadoras automáticas e bombas atómicas contra praticamente nada, a luta militar nunca esteve do lado dos explorados. Isso não quer dizer absolutamente que não sendo essa só sobraria a luta institucional, pelo contrário, a luta insurrecional é feita no plano das ideias e ações revolucionárias. Que coisas maluca, só por esse trecho atribuem a Engels o que diz?
ResponderExcluirSim porque omitiram um trecho que vem logo a seguir. Mas na pílula de amanhã tento explicar melhor
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