O bicentenário de nascimento de Engels ficou para trás. Mas a estatura do grande parceiro de Marx continua a merecer celebração.
Voltamos ao livro “Comunista de Casaca”, de Tristram Hunt, para mostrar a contribuição do biografado para a luta feminista. Nas palavras do autor, de “maneira um tanto inesperada, o mulherengo Engels acabou sendo o responsável pelo texto de fundação do feminismo socialista”.
Trata-se do livro “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, publicado em 1884. Nele, Engels afirma, por exemplo que:
De
acordo com a concepção materialista, o fator determinante na história é, em
última instância, a produção e reprodução da vida imediata.
Ou seja, diz o biógrafo, Engels colocou a produção feminina da vida humana no mesmo plano teórico que o da produção dos meios de existência. Seu próximo movimento foi “historicizar a forma familiar, mostrando sua natureza fluida ao longo das épocas anteriores e apontar para sua futura encarnação sob o governo comunista”. Assim como o proletariado precisava entender que o capitalismo era um estado transitório, afirma Hunt, as mulheres podiam alimentar a esperança de que as atuais desigualdades de gênero seriam um interlúdio passageiro.
“O primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelo masculino", declarou Engels.
Os escritos de Engels sobre a família, conclui Hunt, foram uma contribuição significativa para toda uma geração de feministas marxistas, com sua influência adentrando o século vinte.
Parece que, aos 64 anos, Engels, o mulherengo, tomou algum juízo.
Leia também: Engels, um grande festeiro
Olá, Camarada.
ResponderExcluirSeria uma contradição necessária, o ser "mulherengo" e o ser "feminista"?
Creio poder colocar em planos diversos, apenas isso.
Afinal, o ser "mulherengo, não precisa estar associado a elementos patriarcais/machistas. O "mulherengo" apenas trataria do desejo e prática sexual com mulheres, não sua forma.
Aliás, porque não existem "homerengas"?? Ah! Porque o patriarcado adiantou de deu outros adjetivos, pejorativos: galinha, puta etc..
E é vital lembrarmos que até aí estamos dentro do limite cis, que a Humanidade é muito mais diversa.
É preciso que a luta classista não freie a revolução sexual. Que siga na superação dos diversos tabus. Que a liberdade pelo prazer da carne, em todas as suas formas não opressivas avance. Que cada qual supere, em seus limites pessoais, o sentimento de culpa pelo pecado da luxúria (aliás, sobre o tema "luxúria", na coleção "Plenos Pecados", o livro de título "A casa dos budas ditosos", de João Ubaldo Ribeiro, é fenomenal)
Olá, camarada. É, pode ser. Obrigado pelo comentário. Abraço
ResponderExcluirCamaradas, "mulherengo" e "feminista" são sim uma contraposição, mulherengo não trata apenas do desejo e prática sexual com mulheres e sim do "consumir mulheres" vendo-as obviamente como um produto.
ResponderExcluirTem razão, Sulamita. Não dá pra considerar "mulherengo" de outra maneira. Obrigado pela correção, camarada. Abraço
Excluir