O fascismo é um blefe permanente. Em situações “normais” ninguém o leva a sério. Nas crises todos fingem que não o levam a sério. Se está no poder todos fingem que ele não é fascismo. A marcha sobre Roma [de Mussolini] foi um blefe do ponto de vista militar. Uma única ordem e o Exército teria dizimado os fascistas. Mas quem se arriscaria a dá-la? Seria obedecida? O temor coletivo nos leva a normalizar cada bravata, cada ameaça. Quando nos levantamos indignados, eles recuam. Depois retornam mais audazes.
O trecho acima é de Lincoln Secco, historiador e militante marxista. Faz parte do livro “Fascismo: ontem e hoje”, publicado recentemente pela Fundação Perseu Abramo. Organizado por Julian Rodrigues e Fernando Sarti Ferreira, sua leitura é obrigatória para quem está na obrigatória luta antifascista.
Traz um didático resgate histórico do fascismo na Itália, Alemanha, Japão, Portugal, Espanha e Brasil. Em sua parte mais teórica, destacam-se os textos de Secco, com ajuda de contribuições feitas pelos antifascistas mais combativos do movimento socialista mundial como Gramsci, Togliati, Trotsky e Reich.
Em outro trecho, Lincoln afirma:
Os fascistas agem no senso comum sem jamais alçar a esfera da Filosofia. Por isso não pode haver um debate com um fascista na mesma medida em que pode existir um entre socialistas e liberais. Grandes pensadores podiam aderir ao nazismo, mas não concorreram para transformá-lo em uma filosofia; ao contrário, só conseguiram se revelar pessoas degeneradas e imbecis durante a vigência do regime fascista.
Ou seja, debater o fascismo sem combatê-lo é rebaixar-se ao nível de sua imbecilidade e degeneração. E assegurar sua vitória.
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Sinceridade, no primeiro parágrafo cheguei a rir porque parece que o fascismo "não existe". E no fim lembrei do livro da Marcia Tiburi, "Como conversar com um fascista". Parece que não tem jeito mesmo.
ResponderExcluirNão tem. O jeito é fogo nos fascistas!
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