Malcolm X e Martin Luther King Jr. partiram de posições políticas muito diferentes, diz Ahmed Shawki em seu livro “Libertação Negra e Socialismo”. Mas nos meses anteriores ao assassinato de cada um, afirma ele, tiraram conclusões muito semelhantes sobre o caráter do sistema e as limitações das reformas sob o capitalismo estadunidense.
Fundamentalmente, eles entenderam que os Estados Unidos precisavam de uma profunda transformação estrutural para que a opressão racista fosse superada.
King passou a questionar a tática da não-violência diante da enorme truculência racista, tanto estatal como paraestatal. Tanto em seu país como no mundo. No discurso “Por que me oponho à guerra no Vietnã”, proferido em abril de 1967, ele afirmou:
A imprensa nos aplaudiu quando decidimos nos sentar em lanchonetes sem violência. Nos aplaudiu quando aceitávamos a repressão policial sem reagir nas passeatas. (...) Mas nos condenou quando dissemos aos soldados estadunidenses: “Não usem violência contra as crianças vietnamitas”.
Após o massacre de Selma e as mudanças na legislação eleitoral que restringiam o voto da população negra, King afirmou: “Entramos em uma era de revolução. Toda a estrutura da vida americana deve ser mudada”. Também disse que o maior provedor de violência no mundo hoje era “meu próprio governo”.
Em 1968, Martin Luther King Jr. foi assassinado em Memphis, Tennessee, três anos depois do mesmo ter acontecido com Malcolm X. Ambos foram eliminados no momento em que começavam a desafiar as próprias raízes da desigualdade econômica e racial construída na sociedade americana.
Por isso, conclui Shawki, quaisquer que fossem suas diferenças, ambos, de maneiras distintas, se destacam como grandes lutadores pela libertação negra.
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