Nos Estados Unidos, nos anos 1960, a luta negra encontrou uma de suas manifestações mais radicais no Partido dos Panteras Negras, surgido em Oakland, Califórnia.
Adeptos das ideias de Marx, os Panteras foram muito influenciados pelo maoísmo. Na verdade, uma concepção que, segundo afirma Ahmed Shawki em seu livro “Libertação Negra e Socialismo”, é uma forma distorcida de marxismo.
Exemplo dessa distorção seria o que disse Huey Newton, uma de suas principais lideranças: “As massas buscam constantemente um guia, um Messias, que as liberte das mãos do opressor”. Como lembra Shawki, Marx pensava o contrário. “Os educadores devem ser educados”, disse ele, ao contestar as formas elitistas de socialismo.
O autor lembra outras limitações políticas dos Panteras que contribuíram para seu declínio. Uma das mais importantes teria sido a aceitação de uma noção semi-militarista da política. Tal ênfase teria facilitado o trabalho de repressão violenta à organização.
Além disso, os Panteras atribuíam aos despossuídos e marginalizados o papel de principal força revolucionária no lugar da classe trabalhadora. Tal concepção tornou a organização instável, diz o autor. A precariedade social de grande parte da militância tornava difícil estabelecer rotinas consistentes. Além disso, afastou o partido do operariado, força social fundamental para combater o capitalismo racista estadunidense.
Apesar dessas limitações, os Panteras exerceram grande influência junto à militância negra. Sua bravura e compromisso com o combate antirracista atraiu a ira dos supremacistas estadunidenses. Por isso, o FBI criou um poderoso programa de contra inteligência e sabotagem para destruir a organização. A repressão foi brutal porque era necessário enviar uma mensagem assustadora a todos os militantes da luta negra.
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