O cientista político Marcos Nobre afirma que a direita brasileira atualmente divide-se entre uma ala “com medo” e outra “sem medo”. Esta última não teme se unir a fascistas como Bolsonaro. A primeira receia que o fanatismo bolsonarista abra brechas no sistema de dominação. Por isso, apoiou a única opção disponível capaz de enfrentar a extrema direita e, ao mesmo tempo, manter as mobilizações sociais em banho Maria.
Já André Singer, outro cientista político, chamou o projeto de esquerda dominante no País de lulismo. E sua essência seria um reformismo fraco, com mudanças graduais e limitadas, sem ameaças à ordem e em aliança com setores conservadores.
Mas veio a onda ultraconservadora, o golpe de 2016, a eleição de um presidente fascista com suas políticas sanitárias genocidas e pretensões golpistas de voltar ao poder. A resistência representada por Lula a tudo isso foi fundamental, mas deixou ainda mais ralo o tal reformismo fraco.
Felizmente, muitas vezes, a luta de classes assume as formas mais inesperadas. É o caso da campanha contra a escala de trabalho 6x1. Uma luta que não apenas ganhou enorme apoio popular, como foi protagonizada por duas pessoas negras: um trabalhador precarizado gay e uma deputada federal trans. Sob um conservadorismo extremado e a mais selvagem lógica neoliberal, trata-se de um exemplo evidente do que pode fazer um reformismo forte e destemido.
O trágico é que essa situação também revelou as enormes contradições no interior do campo antifascista. Demonstrou que o oposto do reformismo forte não é um reformismo fraco, mas uma esquerda com medo.
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Blog de Sérgio Domingues, com comentários curtos sobre assuntos diversos, procurando sempre ajudar no combate à exploração e opressão.
23 de novembro de 2024
A luta contra a escala 6x1 e o reformismo sem medo
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Boa, bem apanhada a comparação.
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