Doses maiores

10 de março de 2025

Vivemos o auge do pensamento neoliberal

O neoliberalismo tornou-se alvo de muitas críticas após crises como a de 2008 e a causada pela Pandemia. As maravilhas prometidas pelas privatizações transformaram-se em frustrações, o livre mercado revelou-se como a cruel ditadura de poucos monopólios. Critica-se o neoliberalismo em conversas de bares, almoços de família, em partidos de esquerda e de direita e em filmes, séries e atrações de entretenimento em geral.

No entanto, é possível dizer que vivemos o auge do pensamento neoliberal. É o que, por exemplo, diz Douglas Rodrigues Barros em recente artigo sobre o livro “Doppelgänger”, da jornalista canadense Naomi Klein. Um trecho do texto afirma:

Diante de um mundo em dissolução, sem garantias sociais, o bem-estar social tornou-se bem-estar individual. A luta pelo corpo tornou-se uma competição em que se acredita ter um mínimo controle frente à sociedade em perpétuo descontrole. Resta o investimento no eu como fuga dos infortúnios de um mundo em ebulição.

Estabelecida a materialidade neoliberal, o desgaste das frustrações que ela trouxe foi compensado pela permanência de sua racionalidade. Desse modo, a revolta social que despertou foi apropriada pela extrema direita para fazer a defesa do individualismo selvagem, da competição darwinista, da meritocracia racista, da opressão patriarcal e da subversão fascista.

A luta contra o neoliberalismo começou a ser derrotada quando desprezamos seus efeitos ideológicos para nos concentrar apenas em suas manifestações econômicas. E não foi por falta de aviso. Há mais de 40 anos, em 1981, ninguém menos que Margareth Thatcher deixou tudo muito claro, ao afirmar: “A economia é o método. O objetivo é mudar a alma”.

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