A primeira frase do livro diz tudo: “Não
acabamos com o neoliberalismo”. O entrevistado justifica a afirmação: “além de o
neoliberalismo ser uma doutrina, é um sistema de normativas em que toda a
sociedade está imersa, também aqueles que nos dirigem”. É por isso, afirma
Laval, que:
...na Europa, com todos os governos, sejam de direita
ou de esquerda, que estão se vendo obrigados a seguir as normas que eles
próprios ditaram: a regra de ouro do equilíbrio orçamentário, a estabilidade
monetária, a luta contra a inflação... Tudo isso está nos levando a
consequências sociais desastrosas.
Isso estaria acontecendo porque foram os
Estados que introduziram o neoliberalismo na economia e na sociedade e não o
contrário. Assim, a persistência neoliberal não seria produto apenas de
covardia política ou malandragem eleitoral. Ainda que isso não justifique os
covardes e malandros de plantão.
O mesmo mecanismo criou a lógica social que
lhe corresponde. Como diz Laval, mesmo quando somos contra as privatizações,
muitos de nós preferem o hospital privado e a escola particular, se pudermos
pagar.
A esse respeito, a entrevistadora, Rebeca
Mateos Herraiz, citou uma frase perfeita: “A economia é o método. O objetivo é
mudar a alma”. Foi dita por Margareth Thatcher, em 1981. Três décadas depois, o
objetivo foi alcançado. E insistir na disputa por governos é quase sempre mais
uma forma de concretizá-lo.
Leia também: É
o imperialismo, ô esperto!
Nenhum comentário:
Postar um comentário