Doses maiores

21 de janeiro de 2011

Para deixarmos de ser foras da lei

Mexer com a natureza é perigoso, diz o senso comum. A baleia-azul está ficando surda. A orca está precisando gritar para se fazer ouvir. Resultado do barulho produzido pelos 100 mil cargueiros que cruzam os mares anualmente.

Há um grande lixão cheio de plástico do tamanho do estado do Mato Grosso no Oceano Pacífico. Mais de um milhão de aves marinhas e cem mil mamíferos marinhos morrem por ano por causa desse tipo de sujeira.

Ao mesmo tempo, diabéticos, surdos e míopes teriam desaparecido há milhares de anos se nos rendêssemos à ditadura da competição natural. O mesmo aconteceria em relação ao sexo. Segundo os ciclos naturais, só acasalaríamos em algumas épocas do ano. Não seria sexo. Só reprodução. Muito chato.

O fato é que nossa espécie surgiu desafiando as leis da evolução. O ambiente molda o destino dos outros animais. O destino do animal humano é moldar o ambiente. É a mordida na maçã, no Éden. Prometeus roubando o fogo. A caixa de Pandora escancarada. Grandes atos com grandes conseqüências. Para o bem e para o mal.

Precisamos aprender a moldar nosso próprio destino também. Enquanto não fizermos isso, vamos continuar a ser foras da lei. E agüentar punições cada vez mais duras. Por isso, algumas catástrofes naturais vêm atingindo até pessoas ricas

Não é que sejamos todos culpados igualmente. A pequena parte que se beneficia desse caos todo tem o maior interesse em mantê-lo. Só interessa à parte explorada e dominada da raça humana reagir. Combinar sua luta por sobrevivência com o combate ao capitalismo. Nem que seja preciso desobedecer algumas leis humanas pra isso.

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